Em meio a protestos, ANP leiloa quase 200 blocos de terras fora do pré-sal e arrecada R$ 422 milhões


O Instituto Araryara, organização socioambiental com três décadas de atuação, tomou medidas judiciais contra os órgãos públicos envolvidos no certame ocorrido nesta quarta-feira, (13), promovido no Windsor Barra Hotel, na cidade do Rio de Janeiro. O foco da ação é a retirada dos blocos localizados em sobreposição e em área de influência direta de territórios quilombolas, indígenas e unidades de conservação.
O objetivo, segundo reforçou Natalia Oliveira, representante da organização, é “evitar impactos ambientais e climáticos decorrentes da oferta permanente de concessões, que agora está em seu 4º ciclo“.
Além disso, Natália destacou a diversidade de comunidades envolvidas na resistência, incluindo territórios quilombolas, indígenas e pesquisadoras de várias regiões, do Norte ao Nordeste do Brasil.

“Pessoas de várias comunidades tradicionais, dentre elas territórios quilombolas, indígenas, pesquisadoras, do Norte ao Nordeste estiveram ao nosso lado durante o ato, que foi realizado junto ao Greenpeace [organização não governamental de cunho ambiental]”, destacou à Sputnik Brasil.

A organização disponibilizou o estudo diagnóstico e as Ações Civis Públicas (ACPs) em um site, cujo objetivo é dar transparência e e formar engajamento da sociedade.
“Um ato simbólico foi realizado em conjunto com o Greenpeace, simulando os impactos nas áreas afetadas. Apesar da comemoração pela não oferta de blocos em territórios quilombolas, a preocupação persiste, pois cinco blocos podem impactar territórios indígenas no Amazonas e no Paraná”, sublinhou.
Ao todo, foram adquiridos 192 blocos durante o leilão. Uma empresa recém-criada no Brasil chamou a atenção ao participar do certame. Com sede em um coworking, levantou-se questionamentos sobre a capacidade dessa empresa de realizar exploração sustentável e, em caso de acidentes, de efetivamente mitigar os impactos ambientais.
O Leilão do Fim do Mundo evidencia a complexidade entre a busca por recursos naturais e a preservação de territórios sensíveis, colocando em xeque os desafios da indústria em garantir uma exploração sustentável e segura. O desenrolar dessas ações judiciais e a mobilização social prometem continuar gerando debates acalorados sobre o futuro da exploração de petróleo e gás no Brasil.

Resumo do leilão

Dos blocos arrematados 2 encontram-se em sobreposição à Unidades de Conservação, 1 área de acumulação marginal e 7 blocos em sobreposição à Zonas de Amortecimento, 3 blocos em sobreposição à área de Raio de Restrição de Terra Índigena, 73 blocos em sobreposição a Assentamentos, 17 blocos em sobreposição à Sítios Arqueológicos, 1 área de acumulação marginal e 130 blocos em sobreposição à Áreas de Prioritárias para Conservação, 14 blocos em sobreposição à PAN Corais, 3 blocos em sobreposição à PAN Manguezal, 39 blocos em sobreposição à Áreas Urbanizadas e 1 área de acumulação marginal e 120 blocos em sobreposição à Áreas com potencial de extração de recursos não convencionais.

Fonte: sputniknewsbrasil

Anteriores Deputados aprovam nove matérias de origem parlamentar
Próxima Colisão mata 2 motoristas; destrói carretas na MT-140 em MT