Em encontro com Mattarella, Lula diz que Brasil tem condições de fornecer C-390 da Embraer à Itália


Após 24 anos, o Brasil voltou a receber, nesta segunda-feira (15), a visita de um chefe de Estado da Itália: o presidente Sergio Mattarella, que terá compromissos ao longo dos próximos cinco dias em Brasília, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Conforme o Itamaraty, a viagem acontece em comemoração aos 150 anos da imigração italiana no Brasil. Lula fez um pronunciamento após o encontro com Mattarella no Palácio do Planalto.
Na ocasião, os líderes discutiram os “complexos desafios da atualidade”, como a guerra promovida por Israel na Faixa de Gaza, que já deixou mais de 38 mil mortos, além da parceria entre Brasil e Itália.

“Esta visita representa o ponto alto da celebração dos 150 anos da imigração italiana, que tornou as trajetórias dos nossos países para sempre indissociáveis. Esses laços se reforçam por meio de demonstrações de amizade e solidariedade, como ocorreu em relação às enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul. Somos muito gratos pela doação de 25 toneladas de ajuda humanitária que recebemos do governo da Itália. O material doado certamente aliviou a enorme perda sofrida pela população gaúcha, que reúne uma parcela numerosa dos mais de 35 milhões de descendentes de italianos no Brasil”, ressaltou o petista.

Lula também manifestou satisfação com “a vitória das forças progressistas nas recentes eleições no Reino Unido e na França”, o que, segundo o presidente brasileiro, é fundamental para a “defesa da democracia e da justiça social contra as ameaças do extremismo”. Conforme o petista, o Brasil também foi convidado pela Itália para participar do Grupo de Trabalho sobre a Segurança Alimentar do G7.

Retomada do fluxo de comércio e investimentos

Durante o discurso, Lula lembrou que Itália e Brasil estão entre as dez maiores economias do mundo e, por isso, “devem ter fluxo de comércio e investimentos à altura da sua riqueza”. Segundo o presidente, a corrente comercial, de cerca de US$ 10 bilhões (R$ 54,5 bilhões), só retornou neste ano aos níveis registrados há uma década.

“Compartilhei com o presidente Mattarella o desejo de diversificar a pauta e incrementar as exportações brasileiras. A retomada, em breve, do Conselho Brasil-Itália de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, Industrial e Financeiro poderá contribuir muito nesse sentido. Como fiz na recente cúpula do Mercosul em Assunção, reiterei ao presidente italiano o interesse do Brasil em concluir, o quanto antes, um acordo com a União Europeia [UE] que seja equilibrado e que contribua para o desenvolvimento das duas regiões”, acrescentou.

Para Lula, o acordo entre os blocos só vai avançar quando os europeus conseguirem resolver as próprias contradições internas, como a imposição de uma taxa de carbono de forma unilateral pela UE, que pode “afetar cinco dos dez produtos brasileiros mais exportados para o mercado italiano“.
“A redução das emissões de CO2 é um imperativo, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar as vidas dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos”, resumiu Lula.

Parceria da Itália com a Embraer

Outro tema debatido no encontro foi o avanço da parceria Brasil-Itália para outros setores, como o militar. Lula lembrou que, no passado, a Embraer atuou em cooperação tecnológica com Roma para o desenvolvimento do caça AMX, o que permitiu um salto na produção de jatos pela companhia brasileira. E atualmente há condições de o país fornecer à Força Aérea da Itália aeronaves C-390 Millenium, avião de transporte militar.
Por fim, Lula ressaltou a existência de quase 1,5 mil empresas italianas no Brasil, responsáveis por mais de 150 mil empregos diretos.

“Desde o início deste mandato trabalhamos para atrair ainda mais investimentos. Vemos interesse renovado da indústria automotiva pelo Brasil. No ano passado, o grupo Stellantis, resultante da fusão da Fiat Chrysler e da Peugeot, anunciou R$ 30 bilhões para modernização e ampliação de suas fábricas no Brasil. É o maior investimento da indústria automotiva em toda a América do Sul. Um setor em que a Itália já está bem posicionada é o de energia. Os parques eólicos e fotovoltaicos de empresas italianas e o interesse delas em hidrogênio verde mostram o potencial a ser explorado nessa área. Um exemplo é o investimento de mais de R$ 2 bilhões no Complexo Eólico Aroeira, na Bahia, feito pela Enel. Abrir novas frentes de cooperação não significa abandonar nossa tradicional colaboração em outras áreas”, finalizou.

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Fonte: sputniknewsbrasil

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