“Em apenas dois anos, o Brasil passou a investir seis vezes mais em Ciência, Tecnologia e Inovação por meio do FNDCT [Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. Esse avanço representa não apenas um crescimento quantitativo, mas também uma mudança qualitativa na gestão dos recursos, com foco em áreas estratégicas para o país”, afirmou a ministra em nota à Sputnik Brasil.
O que causa a fuga de cérebros?
“O investimento do país em ciência e tecnologia, no ano de 2023, foi de aproximadamente US$ 452,1 bilhões [cerca de R$ 2,65 trilhões na cotação atual]. Boa parte dos recursos foi orientada para as pesquisas nas áreas de inteligência artificial, biotecnologia, energias renováveis e infraestrutura digital. O objetivo é ser líder global.”
Fatores estruturais e econômicos são obstáculos para avanços
“Entre os fatores estruturais eu indico a falta de vagas para esses pesquisadores em instituições de pesquisa e, ao mesmo tempo, mesmo havendo vagas, a infraestrutura em algumas áreas de alta tecnologia, que é incomparável, entre instituições no exterior e a maioria das instituições brasileiras. As grandes universidades e centros de pesquisa do Brasil têm poucas oportunidades, e a maioria das vagas são em campi novos ou fora dos grandes centros, onde a infraestrutura é inexistente ou ainda menor.”
“A falta de perspectivas afasta os jovens do caminho do conhecimento, levando a uma busca por resultados e retornos rápidos. A formação de professores tem sido extremamente desvalorizada, com baixos salários e falta de infraestrutura nas escolas.”
“Da mesma forma, parcerias do tipo Sul-Sul, envolvendo África do Sul, Índia, Austrália, devem ser aprimoradas. Mas, de toda forma, há a necessidade de investimento, em oportunidades, em insumos (incluindo sua importação facilitada), em equipamentos e na construção e efetiva implementação de […] novas estruturas de pesquisa.”
Repatriar cérebros criando condições para retê-los
“Porque na pesquisa, geralmente, a gente não tem resultados imediatos. Quando você vai analisar uma pessoa que ganhou o Prêmio Nobel, uma pessoa que conseguiu um resultado fantástico em uma pesquisa, você vai ver que são anos de pesquisa, são anos de investimento”, afirma.
“E aí, olha só que coisa chata, você gastou quase meio milhão de reais na formação de um doutor, e depois vem um país qualquer e faz uma oferta interessante para ele e leva de graça. Que desperdício para o nosso país. […] Temos muita coisa para poder fazer acontecer, mas a gente precisa desse empurrão. E acredito que todo esse movimento atual é, talvez, um pouquinho atrasado, mas é muito importante, senão a gente vai ficar vendo literalmente navios passarem, feitos por grandes cientistas brasileiros que estão fora e que poderiam estar fazendo isso acontecer aqui dentro do Brasil.”
Fonte: sputniknewsbrasil