Os empreendedores fluminenses Henrique Vieira e Luis Felipe Camucé estão provando que dá para ganhar dinheiro prestando um serviço de saúde a um custo acessível — e apesar da inflação médica.
Ambos são sócios da Segmedic, uma rede de clínicas particulares com dez unidades em cidades na Baixada Fluminense.
Em 2023, o negócio deve faturar 60 milhões de reais, mais que o dobro do registrado há dois anos: 24 milhões de reais.
O que faz a Segmedic
O modelo de negócio da Segmedic tem semelhanças com o de outras redes de clínicas particulares como a Dr. Consulta.
O apelo por ali é o de oferecer consultas a preços baixíssimos e com uma qualidade superior ao que o paciente encontraria num postinho de saúde do SUS.
Um dos produtos carro-chefe da Segmedic é o Club Flex, uma espécie de clube de benefícios de saúde.
Quanto mais consultas e exames o paciente fizer dentro dessa modalidade, mais em conta fica o custo para cada um destes procedimentos:
- Em alguns casos, a consulta pode sair por 19,90 reais.
- Em relação ao preço de tabela, o desconto pode chegar a 80%.
- Criado há dez anos, o clube hoje tem 35.000 vidas cadastradas.
Uma das fortalezas da Segmedic, dizem os sócios, está na análise no detalhe da jornada dos clientes.
“Levantamos dados sobre toda a jornada dos nossos consumidores e entendemos bem o perfil de cliente que queremos atender”, diz Camucé, que trocou uma carreira no BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) para empreender na Segmedic em 2018.
“O nosso crescimento seguirá vindo com o modelo de negócio de consultas e exames oferecidos a baixíssimo custo e para o público que já atendemos.”
Como começou o negócio
A Segmedic começou como uma clínica de medicina do Trabalho para atender a demanda de empresas de Nova Iguaçu, em 2005. Na ocasião, Vieira já tinha negócios no comércio local e montou a clínica para ficar mais perto da esposa, especializada em medicina do trabalho.
Logo nos primeiros anos a demanda de pacientes foi muito além dos exames ocupacionais de praxe de um consultório desse tipo.
“Desde o princípio criamos protocolos para a duração e a dinâmica das consultas, de modo a oferecer alguma garantia da qualidade dos serviços aos nossos clientes”, diz Vieira.
“Muita gente que estava acostumada a ser mal atendida no SUS ou mesmo em hospitais particulares acabou migrando para nossos serviços.”
Em 2009, por decisão de Vieira, a Segmedic deixou de ser uma clínica de exames ocupacionais para ser 100% um ambulatório de especialidades focado num consumidor de baixa renda.
De lá para cá, a Segmedic ampliou a cobertura. Hoje são dez unidades, espalhadas em cidades da Baixada como Nilópolis e Belford Roxo, além de bairros da zona norte do Rio de Janeiro. Em 2023, os sócios planejam abrir mais duas unidades no Rio: no Méier e na Tijuca.
Em comum, além dos protocolos de atendimento, as clínicas da Segmedic têm um layout que mais lembra o de uma academia de ginástica do que propriamente a de um espaço de saúde. As paredes ganharam cores vibrantes como verde e azul. Luzes de LED no teto e nas paredes dão um ar modernoso para esses espaços.
“Olhamos para o exemplo da Smartfit”, diz Vieira. “Assim como eles, queremos oferecer uma boa experiência dentro dos nossos espaços a um custo acessível.”
Quais são os desafios à frente
Um modelo de negócio como o da Segmedic traz desafios em algumas frentes. Como controlar custos? De que maneira garantir compras com recorrência — um requisito fundamental para ganhar escala sem depender só da aquisição de novos clientes?
Uma parte relevante da resposta está na eficiência de um time com mais de 80 profissionais de inside sales montado dentro da Segmedic e responsável por um contato frequente com os clientes.
Por um lado, o arranjo permite à empresa ouvir com atenção as necessidades dos consumidores e pensar em serviços para atender demandas emergentes.
E, além disso, time tem autonomia para montar pacotes de benefícios com base em necessidades de cada cliente.
“A grande maioria das nossas vendas é para clientes recorrentes”, diz Camucé. Ajuda nisso o fato de a Segmedic ter um big data para entender o perfil de quem consome os serviços da empresa.
No serviço de coleta domiciliar de exames, por exemplo, 70% dos atendimentos são para os clientes acima de 65 anos.
Até agora a Segmedic cresceu com recursos próprios. Daqui para frente, os sócios cogitam aportes de capital tendo em vista a aquisição de concorrentes. “Somos parceiros de operadoras de saúde e estamos desenvolvendo constantemente soluções em prestação de serviços de saúde”, diz Camucé.
“Temos capacidade de escalar com tecnologia, facilitando acesso de saúde para autoatendimento nas unidades e prestação de serviço de saúde, além de um time estruturado para realizar projetos, como, por exemplo, a aquisição de outras empresas.”
Fonte: exame