Efeitos climáticos adversos vêm reduzindo o potencial produtivo da safra brasileira de café arábica de 2026


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Desde 2020, o Brasil registra safras de café com volumes aquém do esperado. Diversos eventos climáticos seguem, ano após ano, reduzindo significativamente a produtividade e rentabilidade dos cafezais brasileiros. 

A temporada de 2025 não foi diferente. Ao longo deste ano,  o Brasil registrou a ocorrência de eventos que há, pelo menos quatro anos, não ocorriam nas principais áreas produtoras do país. Um exemplo dos fatores adversos é que a colheita do café ainda nem foi finalizada no Brasil, mas uma chuva fora de época antecipou a florada da próxima safra do grão em Minas Gerais.

Segundo o engenheiro agronômo e pesquisador da Fundação Procafé, Lucas Bartelega, várias regiões cafeeiras já registraram a chamada florada precoce. “Nós tivemos um mês de maio muito seco nas principais regiões cafeeiras. Depois, junho e julho choveu bem, houve então um estímulo após um déficit hidríco. No Sul de Minas, por exemplo, já saíam duas floradas pequenas, talvez 10 a 15% do potencial para o ano que vem. Na Alta Mogiana, um pouco mais. Já na região produtora de São Paulo, já 20 a 25% já saíram de florada. No Triângulo Mineiro foi pouco, somente as lavouras irrigadas e nas Matas de Minas, Espírito Santo ainda não teve florada. Acredito que ainda teremos várias floradas, e isso impacta negativamente na qualidade, pois quando chegarmos lá na frente, na colheita da nova safra, teremos muitos cafés em diferentes pontos de maturação”, explicou o agronômo. 

Lucas alerta que estamos vivendo um momento climático crucial para a próxima safra, onde as chuvas mais constantes se tornam necessárias para a abertura e fixação da próxima e a maior florada ainda está por vir. “É um ano um pouco mais confortável do que o ano passado. A falta de chuva já começou a murchar e desfolhar muitas lavouras”, relatou. 

Relatório divulgado pela Pine Agronegócios destaca que o estresse pós-colheita da safra 2025/26, somado às geadas e chuvas de pedra registradas em regiões chave do Sul de Minas após agosto, comprometeu a recuperação vegetativa das plantas. “Em áreas que produziram muito em 25/26, a reposição de folhas não ocorreu de forma adequada, o que reduz a base fisiológica para o pegamento das floradas. Isso mostra que, mesmo que o clima seja benéfico daqui em diante, o teto produtivo da próxima safra/26 já foi reduzido. A expectativa conservadora aponta para uma perda já consolidada de quase 3 milhões de sacas no potencial produtivo de 2026/27, antes mesmo da definição completa da florada”, completa o documento.

Em agosto, a equipe da Pine realizou uma visita presencial em áreas que representam 13% da produção de café arábica no Brasil. O tour comprovou essa redução no potencial produtivo para a safra 26/27, e apontou ainda que ao menos 3,75% das áreas de café arábica já não produzirão nada na próxima safra, e 7,5% serão afetadas pela desfolha. 

Uma pesquisa realizada pela StoneX destaca que mesmo diante adversidades e desafios climáticos, o cenario para a safra 26/27 ainda é mais promissor. “De modo geral, as regiões de arábica colheram pouco em 2025/26 e apresentaram alto percentual de podas. Isso tende a favorecer o desempenho em 2026/27, uma vez que áreas com baixa producão e lavouras recém-podadas costumam registrar maior vigor no ciclo|seguinte. Dentro de uma normalidade climatica, todas as regiões deverão produzir mais, com destaque para as Matas de Minas e o Sul dc Espírito Santo, que entram em bienalidade positiva, além de São Paulo, que desta vez se beneficia de excelente condição vegetativa”, projetou ainda a análise. 

“Teoricamente, é esperado que no próximo ano teremos uma safra bem mais elevada da que foi esse ano, pois estaremos lidando com um ano de bienalidade positiva. Porém, desde aquela safra recorde de 2020, de lá para cá, a benalidade ficou menor. Naturalmente ano que vem será de uma boa safra, mas dificilmente uma safra recorde como projetada anteriormente”, destacou Bartelega. 

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Fonte: noticiasagricolas

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