Efeito do “avental branco” pode levar a diagnósticos errados. Entenda


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Para algumas pessoas, estar diante de um médico pode ser um momento tenso. A expectativa por resultados de exames é um fator de estresse, que pode causar alterações no ritmo cardíaco e na pressão arterial dentro do consultório. Esta situação, conhecida como “efeito do avental branco”, é mais comum do que se imagina e pode levar a diagnósticos errados.

De acordo com o nefrologista Décio Mion Jr., professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe do setor de Mapa do Hospital Sírio-Libanês e Alta Diagnósticos, tudo se resume às emoções.

“Nunca pensamos que a emoção do contato com o médico pudesse alterar a pressão do paciente. Com a chegada do médico são observadas alterações importantes no pulso e a pressão é constantemente mais alta quando aferida por ele do que por um enfermeiro”, observou o médico durante uma palestra no 77º Congresso Mundial e Brasileiro de Cardiologia.

Nesses casos, uma pessoa sem histórico de hipertensão pode acabar sendo medicada incorretamente ou um paciente em tratamento pode ter a dosagem dos medicamentos alterada simplesmente porque a aferição da pressão arterial em consultório apresentou números anormais, acima de 140/90 mmHg.

Alguns indivíduos sofrem o processo contrário, conhecido como “efeito mascaramento”. Neste caso, hipertensos se apresentam com a pressão normalizada (normotensos), sem nenhuma alteração. Um risco para os pacientes que precisam de tratamento.

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Diagnóstico correto

A melhor estratégia para evitar erros de diagnóstico e no tratamento, segundo Mion, é monitorar a pressão dos pacientes fora do consultório. Para isso são indicados os exames de monitorização ambulatorial da pressão arterial (Mapa) ou a monitorização residencial da pressão arterial (MRPA).

As indicações para os exames são semelhantes e podem fazer parte dos testes para identificação de diferentes categorias de comportamento da pressão arterial, como a hipertensão do avental branco (HAB) e a hipertensão mascarada (HM)

“A pressão de consultório pode não ser precisa para firmar ou descartar o diagnóstico. O Mapa e o MRPA se complementam”, explica o médico.

O Mapa faz a medição automática da pressão arterial do paciente a cada 20 minutos durante o dia e a cada 30 minutos durante a noite. O exame, com duração de 24 horas, é feito por meio de um dispositivo colocado na cintura, conectado por um tubo de plástico fino a uma braçadeira.

Ele avalia se o paciente sofreu alguma elevação ou queda da pressão arterial durante a colocação do aparelho no consultório, em comparação ao registrado ao longo do dia.

Já no MRPA, o próprio paciente deve realizar medições da pressão arterial em casa, durante vários dias, com um aparelho de pressão automático e levar os resultados ao médico. Estudos mostram que o método contribui com a adesão ao tratamento e, consequentemente para o controle da pressão.

“Quem mede a pressão em casa se conhece mais, tem maior chance de diagnóstico correto. Todos devem ter a pressão aferida fora do consultório, ou você pode tratar quem não precisa e deixar de tratar quem realmente necessita”, afirma Mion Jr.

*A repórter Bethânia Nunes esteve no Rio de Janeiro a convite do grupo farmacêutico Novartis para acompanhar o 77º Congresso Brasileiro de Cardiologia.

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