O ministro das Relações Exteriores e Cooperação da África do Sul, Ronald Lamola, negou neste domingo (6) a existência de qualquer genocídio no país, situação que inclusive levou Trump a constranger publicamente, durante uma reunião na Casa Branca, o presidente do país, Cyril Ramaphosa.
“Não há nenhuma ameaça que justifique essas acusações. Quando olhamos para os ataques em fazendas nos últimos quatro anos, foram 252 casos, dos quais 102 foram contra moradores de fazendas que são majoritariamente negros e trabalhadores rurais. E isso aconteceu nos últimos quatro anos. Os 102 casos envolvem moradores de fazendas, principalmente trabalhadores negros. Cerca de 50 vítimas eram proprietários de fazendas, em sua maioria brancos“, disse em coletiva de imprensa durante a Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro.
“Portanto, esses números não sustentam as acusações de genocídio.”
Conforme o chanceler sul-africano, no país, a população convive “lado a lado com todos (negros, brancos e indígenas)”, apesar de admitir que há grandes desafios no combate à criminalidade.
“Temos instituições e plataformas para resolver disputas em nosso país, com um Judiciário independente e outros órgãos criados para lidar com questões de desigualdade e outros conflitos que possam surgir.”
Fortalecimento das transações em moedas locais
O ministro Ronald Lamola também comentou a importância de fortalecer as transações financeiras e comerciais entre os países nas moedas locais, como ocorreu em um empréstimo realizado em rands sul-africanos, a moeda local do país, pelo Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).
“A presidente do banco [Dilma Rousseff] explicou que isso é mais econômico, mais barato, e estamos nos esforçando para avançar nessa direção para que possamos realizar mais comércio entre os países do BRICS em nossas próprias moedas. Mas isso é um processo que levará algum tempo, porém estamos caminhando para isso.”
Além disso, o chanceler sul-africano pontuou que o mundo atualmente conta com atores globais que podem contrabalancear o sistema unipolar. “Acredito que a China e outros países emergentes desempenham esse papel necessário de equilíbrio contra qualquer unilateralismo ou unipolaridade no mundo. Como África do Sul, vemos essa plataforma do BRICS como essencial para parcerias que contribuam para o nosso desenvolvimento como país.”
O chanceler também foi questionado sobre o motivo da declaração de líderes da cúpula deixar de citar, mais uma vez, o apoio do BRICS a um assento da África do Sul no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), e manter o apoio a Índia e Brasil.
No documento, o grupo afirma apoiar apenas uma cadeira que representa a África. Desde a entrada de Etiópia e Egito, o assunto deixou de ser consenso.
“Para avançarmos e para que as declarações sejam adotadas e aceitas, alguns compromissos precisam ser feitos. E a Cúpula de Kazan [no ano passado] foi resultado de um compromisso, já que ocorreram muitas discussões antes. E o que conseguimos em Kazan, ao recordar a declaração de Joanesburgo , foi também fruto de um debate intenso.”
Fonte: sputniknewsbrasil