A vacinação nos primeiros anos de vida é uma estratégia fundamental para evitar que crianças e adolescentes desenvolvam formas graves de doenças que podem ser evitadas.
Apesar da importância da imunização, os dados epidemiológicos mostram que, desde 2016, o Brasil não consegue alcançar as coberturas vacinais desejáveis para a maioria das doenças com imunizantes disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS).
Um dos motivos para a baixa adesão é o mito de que o grande número de vacinas aplicadas nos primeiros 15 meses de vida sobrecarrega o sistema imunológico das crianças. A pediatra e coordenadora do Programa Estadual de Imunização de São Paulo, Helena Keico Sato, isso é um mito e que a aplicação de mais de uma vacina no mesmo dia é uma estratégia segura.
“Estudos mostram que a aplicação simultânea de vacinas é segura, eficaz e não causa aumento de reação adversa ou resposta imunológica exacerbada, mesmo que as vacinas sejam aplicadas de modo simultâneo ou combinado – como a vacina pentavalente”, afirma a médica, uma das palestrantes da 24ª Jornada Nacional de Imunizações SBIm 2022, promovida pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), entre 7 e 11/9 em São Paulo.
A médica lembra que as vacinas disponíveis no SUS passam por um rigoroso controle de qualidade. “A norma técnica [do Programa Nacional de Vacinação] faz todas as indicações sobre a vacinação: idade a ser aplicada, intervalo entre as doses, armazenagem”, detalhou.
Reações adversas
A pediatra destaca que nem todas as crianças têm reações após a vacinação e, nos casos de febre, dor local e outros efeitos esperados, medicações para alívio dos sintomas podem ser administradas segundo indicação médica.
“Se compararmos as reações, como febre e dor local, elas são muito mais brandas do que a doença”, aponta Helena.
Veja as vacinas que devem ser aplicadas nos primeiros quatro anos de vida da criança:
Fatores que contribuem para a baixa adesão às vacinas, segundo a pediatra:
- Percepção enganosa de que doenças como sarampo, tétano, poliomielite e difteria desapareceram;
- Receio de que o número elevado de vacinas sobrecarregue o sistema imunológico;
- Desconhecimento das vacinas disponíveis no calendário do SUS;
- Medo de reação pós-vacina;
- Fake news;
- Falta de tempo dos pais para levar os filhos ao posto de vacinação;
- Desabastecimento dos postos de vacinação.

Após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e autorização pelo Ministério da Saúde, a dose pediátrica da vacina contra a Covid-19 já está sendo administrada no Brasil em crianças entre 5 e 11 anos. Porém, os pais devem ficar atentos para evitar erros na aplicação do imunizante nos pequenos Pixabay

De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenosPixabay

Apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacinaAgência Brasil

Segundo a Anvisa a grande maioria dos eventos adversos pós-vacinação é decorrente da administração do produto errado à faixa etária, da dose inadequada e da preparação errônea do produtoAgência Brasil

A vacina infantil vem em uma embalagem de cor laranja, diferente da versão para maiores de 12 anos, que é roxa. A seringa utilizada é a de 1ml, e o volume aplicado deve ser de 0,2mlAgência Brasil

A identificação correta das doses para crianças de 5 a 11 anos é uma obrigação das autoridades públicas, que devem garantir ainda um treinamento eficiente para toda a equipe responsávelAgência Brasil

De acordo com a Pfizer, a quantidade aplicada nas crianças foi cuidadosamente selecionada com base em dados de segurança e imunogenicidadeAgência Brasil

Os estudos clínicos da farmacêutica indicaram menor possibilidade de reações adversas no uso de doses menores. As respostas imunológicas também se mostraram mais eficientes porque as crianças, normalmente, têm resposta imune mais robusta Rafaela Felicciano/Metrópoles

Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi graveRafaela Felicciano/Metrópoles
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Coberturas vacinais em baixa
Idealmente, as coberturas vacinais devem ser maiores de 90% para BCG e rotavírus e maiores de 95% para as demais vacinas. Nos últimos seis anos, a cobertura vacinal da BCG passou de 95,55%, em 2016, para 68,27% em 2021. A da poliomielite passou de 84,43% para 69,10%, respectivamente.
* A repórter Bethânia Nunes esteve em São Paulo, a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para acompanhar a XXIV Jornada Nacional de Imunizações SBIm 2022.
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