Dono de site LGBTQIA+ sofre ameaças e tem dados vazados: “Será caçado”


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“Você será caçado por ser dono dessa página”. Este é apenas um trecho das tantas ameaças que Daniel Bispo, de 21 anos, dono da página Universo LGBTQIA+, que coleciona 350 mil seguidores apenas no Instagram, vem recebendo. Segundo ele, as intimidações partem de um grupo supremacista alocado no Discord (aplicativo de comunicação em que o usuário pode conversar com várias pessoas simultaneamente), chamado 4USCH.

De acordo com Daniel (foto em destaque), tudo começou há cerca de um mês, quando o grupo divulgou seus dados pessoais, como nome completo, CPF, data de nascimento, endereço de sua família e telefones em páginas on-line.

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“A plataforma Discord costuma ter grupos que pregam supremacia. Mais ou menos um mês atrás eu soube que eles tinham divulgado todos os meus dados lá. Entretanto, eles só divulgaram meu CPF, meu nome completo e minha data de nascimento. Eu fiquei assustado, claro, porém eu entendo que esses dados estão na internet e disponíveis para todo mundo”, contou o dono do site ao Metrópoles.

“Na semana passada, eu recebi um e-mail de um dos membros desse grupo que dizia: ‘Daniel Bispo, saiba que você será caçado por ser dono dessa página. Iremos fazer todo o possível, seus dados já se encontram com a gente’ (veja na galeria acima). Aí eu já fui atrás de advogada. No dia 20, eu recebi direct no Twitter com todos os dados, endereço, endereço da minha família, os dados da minha família, pai, mãe, telefone, com ameaças, dizendo que vão vir atrás da gente, que a gente vai ser caçado”, completou Daniel.

Daniel Bispo registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo, que investiga o caso, de acordo com ele, como ameaça e homofobia: “Eles [a polícia] enquadraram como ameaça e homofobia, já que entenderam que se fosse uma página de qualquer outro conteúdo, que não LGBTQIA+, isso não estaria acontecendo”.

Além disso, Daniel decidiu expor nas redes sociais da página as ameaças que vinha sofrendo. No Instagram, a publicação, que já conta com mais de 36 mil curtidas, o grupo deixa claro que não vai se silenciar: “Atualmente somos uma das maiores páginas sobre a comunidade LGBTQIA+, expomos todos os tipos de LGBTfobia que acontece no país e isso incomoda muita gente. Tentam nos silenciar, mas isso não irá acontecer. Não vamos permitir que aconteça.”

Na noite de sábado (23/10), a advogada Rafaela Chain, responsável por cuidar do caso e especialista em situações de racismo, homofobia e violência contra a mulher, também recebeu ameaças e ataques racistas de um dos membros do grupo. “Preta na Justiça não fala”, diz uma das mensagens (veja na galeria acima), fazendo referência ao nome da página nas redes sociais de Rafaela.

“Eu acho que isso está acontecendo porque essas pessoas não querem que a gente esteja lá. A Universo ocupa um lugar de visibilidade muito grande na internet, a maior parte de conteúdo LGBTQIA+”, completa.

O Metrópoles tentou contato com a Polícia Civil de São Paulo, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para atualização.

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