Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Após o pequeno alívio da véspera, o dólar teve leve alta ante o real nesta quinta-feira, acompanhando o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas em meio à expectativa de menos cortes de juros nos EUA este ano, reforçada por declarações de dirigentes do Federal Reserve.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 5,2508 reais na venda, em leve alta de 0,12%. Em abril a divisa acumula alta de 4,69%.
Às 17h19, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,32%, a 5,2545 reais na venda.
A moeda norte-americana oscilou entre leves altas e baixas no início do dia, em meio à divulgação de dados mistos sobre a economia dos EUA e em sintonia com o cenário externo. Quando o dólar começou a acelerar um pouco mais em outras praças ele também ganhou força no Brasil.
“O dólar deu uma acelerada após declarações dos ‘Fed boys’ no sentido de que é muito cedo para cortar juros nos EUA. A moeda subiu ante o real e ante pares como o rand sul-africano e o peso mexicano”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora, em referência a declarações de autoridades do Fed.
O presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que não há motivos urgentes para reduzir os juros nos EUA neste momento, enquanto o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou que não está com “muita pressa” para cortar as taxas.
Essas declarações contribuíram para um novo dia de alta dos rendimentos dos Treasuries, o que também deu certo suporte ao dólar ante as demais divisas.
No Brasil, após marcar a cotação mínima de 5,2288 reais (-0,30%) às 9h01, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,2800 reais (+0,68%) às 14h45.
Com as cotações neste patamar, porém, alguns participantes do mercado aproveitaram para vender moeda no mercado à vista ou reduzir posições compradas (no sentido de alta do dólar) no mercado futuro, realizando parte dos lucros recentes. Isso pesou sobre as cotações do dólar, que ainda assim se manteve no território positivo até o fim da sessão.
À tarde, durante evento em Washington, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ponderou que um cenário com dólar forte “é sempre um problema” e pode gerar reação de bancos centrais pelo mundo.
“No caso do Brasil, o dólar é flutuante. O que é relevante para nós é o impacto do dólar na nossa função de reação, no que fazemos no BC, mas entendo que o Brasil tem uma situação diferente porque nossas contas externas são muito fortes”, afirmou Campos Neto.
Os dados de fluxo cambial divulgados durante a tarde pelo BC corroboraram esta percepção. O Brasil registrou fluxo cambial total positivo de 1,278 bilhão de dólares em abril até o dia 12, com saídas líquidas de 4,236 bilhões de dólares pelo canal financeiro e entradas de 5,514 bilhões de dólares pela via comercial.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de julho.
Às 17h18, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,18%, a 106,150.
Fonte: noticiasagricolas