Dólar cai abaixo de R$5,70 com notícias positivas da China e alta do petróleo


 

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou a segunda-feira com baixa superior a 1% ante o real, na menor cotação desde o início de novembro do ano passado, refletindo notícias favoráveis sobre a economia chinesa, as negociações de paz para o conflito na Ucrânia e o avanço do petróleo.

Em mais uma sessão favorável para as moedas de países emergentes, o dólar à vista fechou o dia com baixa de 1,03% frente ao real, aos R$5,6861, menor cotação desde 7 de novembro do ano passado, quando encerrou em R$5,6759. No ano o dólar acumula queda de 7,98%.

Às 17h36 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 1,11%, aos R$5,7015.

A segunda-feira foi marcada pela queda do dólar ante boa parte das divisas de emergentes e exportadores de commodities, como o real, o peso chileno, o peso colombiano e a rupia indiana.

A busca por ativos de maior risco — como ações, moedas e títulos de países emergentes — era justificada pelo otimismo trazido pela China. O gigante asiático revelou no fim de semana um “plano de ação especial” para impulsionar o consumo interno, apresentando medidas que incluem o aumento da renda das famílias e o estabelecimento de um subsídio para cuidados infantis.

Além disso, dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas do país nesta segunda-feira mostraram que as vendas no varejo chinês aumentaram 4,0% no período de janeiro a fevereiro, contra alta de 3,7% em dezembro.

A perspectiva positiva em relação à economia chinesa, somada aos receios em torno das ações dos EUA contra os houthis do Iêmen no Mar Vermelho, importante rota comercial marítima, dava força ao petróleo nos mercados internacionais. Isso também favorecia as moedas de países como o Brasil, exportador da commodity, em relação ao dólar.

“Medidas que visam estimular o consumo das famílias chinesas tendem a impulsionar a demanda por bens e produtos globais, beneficiando especialmente as economias com fortes laços comerciais com o país asiático”, disse Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

“O volume total de importações chinesas de commodities — do petróleo bruto aos metais industriais — continua sem paralelo no mundo. O Brasil, como um dos principais parceiros comerciais da China, está bem-posicionado para se beneficiar desse movimento, o que ajuda a explicar a valorização do real na sessão de hoje”, acrescento Shahini.

Outro fator favorável para os ativos de risco era a indicação de que o presidente dos EUA, Donald Trump, planeja falar com o presidente russo, Vladimir Putin, na terça-feira e discutir o fim da guerra na Ucrânia, após conversas positivas entre autoridades norte-americanas e russas em Moscou.

Neste cenário, após marcar a cotação máxima de R$5,7434 (-0,03%) às 9h00, na abertura, o dólar à vista despencou até a mínima de R$5,6665 (-1,37%) às 16h00.

O movimento esteve em sintonia com o avanço firme do Ibovespa e o recuo das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), com investidores à espera das decisões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve marcadas para a próxima quarta-feira — eventos com potencial de alterar a precificação dos ativos no Brasil.

No exterior, a moeda norte-americana seguia com viés negativo no fim da tarde. Às 17h30 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,33%, a 103,390.

Fonte: noticiasagricolas

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