Dívida dos EUA deve ultrapassar Itália e Grécia e crescer até o fim da década, diz FMI


A dívida pública dos Estados Unidos está prestes a ultrapassar os níveis da Itália e da Grécia pela primeira vez neste século, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). A estimativa é que a dívida bruta norte-americana alcance 143,4% do produto interno bruto (PIB) até o fim da década, superando os recordes pós-pandemia de COVID-19 e refletindo déficits orçamentários persistentes acima de 7% ao ano até 2030 — os mais altos entre os países ricos monitorados pelo fundo.
Enquanto isso, Itália e Grécia, historicamente associadas a finanças públicas frágeis, devem apresentar uma trajetória de redução da dívida, graças ao controle rigoroso dos déficits. Embora a Itália tenha uma perspectiva de crescimento mais fraca que os EUA, sua disciplina fiscal tem sido reconhecida por analistas e investidores. Em contraste, os EUA continuam a ampliar sua relação dívida/PIB, com projeções do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO) indicando crescimento contínuo nas próximas décadas.
Especialistas apontam que, apesar de os EUA contarem com a vantagem de emitir a moeda de reserva global, o cenário fiscal preocupa. James Knightley, do ING, observa que métricas como essas desafiam a visão comum de que a Europa está em pior situação econômica. O déficit federal norte-americano cresceu sob o governo de Joe Biden, mesmo com baixo desemprego, e há críticas de que o governo de Donald Trump não tem feito o suficiente para conter o problema, embora aliados afirmem avanços em cortes de gastos e tarifas.
Operadores trabalham no pregão da Bolsa de Valores de Nova York, em Nova York, 21 de janeiro de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 06.10.2025

A dívida bruta norte-americana sempre esteve abaixo da italiana e da grega desde o início dos anos 2000. No entanto, uma medida alternativa — a dívida líquida, que desconta ativos financeiros — mostra que os EUA já se aproximam dos níveis italianos e também estão em trajetória ascendente. Joe Gagnon, do Peterson Institute, considera essa métrica mais precisa, pois reflete o peso real da dívida para os investidores.
A Itália, por sua vez, tem conseguido melhorar seus indicadores fiscais. O governo de Giorgia Meloni deve encerrar o ano com superávit primário de 0,9% do PIB e reduzir o déficit fiscal para 3%, o que pode permitir a saída antecipada do processo de déficit excessivo da União Europeia. A política fiscal cautelosa tem sido elogiada por economistas como Filippo Taddei, do Goldman Sachs.
A classificação de crédito da Itália foi elevada pela DBRS Morningstar, refletindo os esforços do país para fortalecer suas finanças públicas. De acordo com o Financial Times (FT), o acesso a mais de € 200 bilhões (cerca de R$ 1,2 trilhão) em fundos da União Europeia (UE), a recuperação do mercado de trabalho e o aumento da arrecadação — impulsionado por pagamentos digitais — também contribuíram para esse cenário positivo, segundo Carlo Capuano, da Scope Ratings.
Nos EUA, no entanto, a polarização política dificulta a adoção de medidas eficazes para conter os déficits. Gagnon observa que democratas resistem a cortes de gastos e republicanos rejeitam aumentos de impostos, criando um impasse fiscal. Maury Obstfeld, ex-economista-chefe do FMI, alertou à mídia britânica que qualquer previsão de sustentabilidade fiscal norte-americana depende de suposições otimistas sobre produtividade, demografia e receitas futuras — o que pode não se concretizar.
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Fonte: sputniknewsbrasil

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