Discurso da ministra Marina Silva em painel sobre ambição pré-2030 na COP28


O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) alerta que a década 2021-2030 representa a última janela de oportunidade para enfrentar a mudança do clima, garantindo um futuro mais seguro para a humanidade. O sinal de alerta está tocando continuamente. Cabe-nos agir e evitar o advento de uma era de catástrofes.

Não há mais que falar em soluções isoladas. Temos que aceitar a unidade na urgência. Só decisões comuns e firmes nos levarão à desejável e inevitável mudança de rota. Assim, é imperativo eliminar o mais rápido possível a dependência de nossas economias dos combustíveis fósseis.

Se por um lado é clara a necessidade de que todos os países coloquem o pé no acelerador das energias renováveis, por outro, precisamos fazer inadiável e simultâneo esforço de países produtores e consumidores para tirar o pé do acelerador das energias fósseis. O esforço é de todos, mas os países desenvolvidos devem liderar este processo de desaceleração. 

Nesse sentido, penso ser fundamental criar na esfera da UNFCCC, instância de discussão e negociação para tratar desse tema com a requerida urgência. As respostas que levam em conta as diferenças e circunstâncias nacionais e as alternativas de desenvolvimento social e econômico, principalmente para os mais fragilizados.

Alcançar o objetivo do 1,5ºC impõe desafios inéditos, que exigem resposta coletiva igualmente inédita, acompanhada de mobilização sem precedentes, em velocidade e escala, dos meios de implementação para ação climática em países em desenvolvimento.

Mais do que em qualquer outro momento da história, precisamos nos unir. Todos estamos envolvidos, queiramos ou não, na “Missão 1,5”, para agir no período pré-2030, a década decisiva, estratégica, para nos colocar em um patamar civilizatório mais justo, solidário e seguro. Fora isso, será o horror que já vislumbramos. 

É hora de colocar em movimento a ação coletiva e voluntária, capaz de gerar e impulsionar estímulos positivos para que países em melhores condições possam criar um acordo de aceleração de recursos financeiros e tecnológicos para dar maior velocidade à mitigação e, sobretudo, à adaptação de nossas sociedades a esses tempos difíceis.

Nenhum país estará seguro sozinho e é preciso agir com sentido de urgência. Em 2025, o Brasil receberá a COP30, na cidade de Belém. O sucesso desse encontro dependerá de conseguirmos aqui na COP28 aprovar um Balanço Geral alinhado com 1,5ºC em todas as suas dimensões: nas ações pré-2030, nas recomendações para as futuras NDCs, no compromisso dos novos financiamentos e meios de implementação e em um Objetivo Global de Adaptação condizente com os riscos reais, sobretudo para as populações vulneráveis.

Urgência, responsabilidade e fraternidade planetária. Essas são nossas palavras-chave. Todos teremos que fazer concessões, mas essas concessões não podem comprometer o compromisso de 1,5ºC. Precisamos entendê-las como demonstração de nosso compromisso para mudar, evitando o caos que já se avizinha.

Obrigada

Fonte: gov.br

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