Em maio de 2022 a Suécia, junto com a Finlândia, apresentou uma candidatura conjunta à OTAN – um passo que Hirdman rotulou como prematuro – porque sentiu que a situação de segurança havia mudado depois que a Rússia lançou a operação especial na Ucrânia.
Hirdman também afirmou que a Rússia estava preparada para firmar um acordo de paz logo no início do conflito, mas isso foi deliberadamente impedido pelos EUA e pelo Reino Unido, cujo então primeiro-ministro Boris Johnson persuadiu Kiev contra tais ações. “Ele foi lá e disse: ‘Não assinem um acordo de paz com os russos, e nós lhes forneceremos armas e dinheiro e assim por diante’. Então nada aconteceu”, disse Hirdman à mídia sueca.
Em relação a Washington ele acrescentou que tentar fatigar Moscou com um conflito pesado parecia uma decisão lógica para os EUA. No entanto, no que diz respeito aos interesses de Estocolmo, um amplo conflito na Europa pode transformá-la em um “Estado fronteiriço contra a Rússia”.
A candidatura da Suécia à OTAN depende atualmente da Turquia, que é o único membro do bloco militar que tem se oposto à decisão. Embora saudada pelo secretário-geral da OTAN Jens Stoltenberg como “a mais rápida da história”, a potencial adesão da Suécia à Aliança Atlântica foi paralisada pela relutância de Estocolmo em cumprir todas as demandas de Ancara, que incluem a repressão dos grupos curdos considerados pelos turcos como organizações terroristas.
As relações bilaterais já tensas foram marcadas por uma série de ações controversas adicionais, inclusive uma efígie representando o presidente turco Recep Tayyip Erdogan sendo pendurada em Estocolmo durante uma manifestação pró-curda, um concurso de caricaturas zombando de Erdogan e, como se não bastasse, a queima de uma cópia do Alcorão em frente à embaixada turca por um político de direita, Rasmus Paludan.
A Turquia condenou veementemente esses atos. Em particular, Ancara chamou a queima do Alcorão de um “ataque vil” ao livro sagrado e “outro exemplo do nível alarmante ao qual a islamofobia e os movimentos racistas e discriminatórios têm aumentado na Europa”. A ação em Estocolmo foi condenada por vários países árabes, incluindo a Arábia Saudita, o Kuwait e os Emirados Árabes Unidos.
Embora o premiê sueco, Ulf Kristersson, tenha tentado amenizar as coisas chamando a queima do Alcorão de “ato desrespeitoso” e expressando “simpatia por todos os muçulmanos”, o dano autoinfligido pode adiar ainda mais a candidatura da Suécia à adesão à OTAN.
Fonte: sputniknewsbrasil