Dia da Rússia: o que se comemora em um dos feriados mais jovens do país?


Além da soberania, segundo especialistas ouvidos pelo podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, a data marca também a primeira eleição presidencial de maneira aberta, vencida por Boris Yeltsin, em 1991.
Guarda Nacional Mexicana desfilam no Dia da Independência, na Cidade do México, em 16 de setembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 11.06.2024

Embora oficializada no ano de 1991, a culminância só começou a ser realizada a partir de 2003, ou seja, é como se a data celebrasse seus 11 anos nesta quarta-feira (12).

Diferentes formas de celebrar

De acordo com Olga Smirnova, professora da Escola Superior de Economia e pesquisadora do BRICS, embora a data seja apenas uma, as formas de celebrá-la são diversas e variam a depender da região.
Por exemplo, em São Petersburgo, cidade onde reside a especialista, há inúmeros eventos e áreas de festejar.

“[Celebramos] a história, a ciência, o esporte. Neste dia, o povo pode jogar jogos tradicionais. Há encontros com pessoas famosas, por exemplo, com esportistas, com políticos, com historiadores”, explica à Sputnik Brasil.

Segundo Smirnova, muitos cidadãos, formados por diversas etnias, gostam de assistir a filmes sobre história, alguns documentários, além de encontros com “blogueiros populares”.
A professora pontua, ainda, que a percepção acerca da data depende principalmente da idade geracional.

“Esta celebração é muito nova. Então nem todas as pessoas russas são acostumadas a essas celebrações. Nem todos entendem o significado desse dia para a nossa história. E para muitos, na verdade, é só uma oportunidade de descansar, de passar tempo com as suas famílias“, sublinha.

No dia 9 de maio, a população russa celebra o Dia da Vitória.

“O Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial para a União Soviética, para a Rússia. Então aquele dia é também considerado como o dia do país, de várias formas. Como esse intervalo de tempo é bastante pequeno, entre dois dias, acho que todas as emoções, todos os sentimentos, ficam no Dia da Vitória. Então este dia da Rússia é só considerado mais como o dia de descanso”, pontua Smirnova.

Parcerias estratégicas da Rússia

Internacionalmente, segundo cravou ao Mundioka, o Dia da Rússia pode não receber a mesma atenção do que outros eventos, como o Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. No entanto, as relações internacionais e os conflitos geopolíticos, como o confronto com a Ucrânia, inevitavelmente moldam o contexto em que a data é observada.
Bandeiras em miniatura dos EUA e de Israel em marcha por Israel em Washington, D.C. EUA, 14 de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 11.06.2024

A parceria estratégica com a China e o papel do BRICS são vistos pela especialista como elementos-chave na sustentação da economia russa e na busca por uma ordem mundial mais inclusiva e equitativa.

“As nossas relações com a China melhoraram bastante nos últimos dois anos e, apesar das relações bilaterais, comunicamos também, através do BRICS. […] agora, a Rússia já tem muitos parceiros novos em outras partes do mundo”, crava.

Formação de coalizões

Nos últimos anos, a Rússia tem desempenhado um papel central na cena internacional, buscando promover uma nova ordem mundial multipolar. A diplomacia ativa e as parcerias estratégicas visam fortalecer sua posição geopolítica e econômica globalmente.
Segundo Maria Eduarda Carvalho de Araujo, mestranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp, PUC-SP), membra fundadora do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço Pós-Soviético (CIRE) e pesquisadora no Observatório de Conflitos do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança Internacional (GEDES), as parcerias estratégicas são fruto de formação de coalizões.

“Quando a gente observa esse processo de coalizões no mundo, a gente vê o mundo cada vez mais dividido. Então a gente pode citar, por exemplo, a primeira cúpula de paz para a Ucrânia, que vai acontecer nos dias 15 e 16 deste mês na Suíça. Mas vale pontuar que mais da metade das confirmações de participações nessa cúpula vem da Europa. Isso faz com que o Ocidente seja bastante representado nesse campo e que domine esse espaço de discussões para a paz sobre o conflito na Ucrânia, só que sob a luz de suas percepções“, critica a especialista.

Segundo a internacionalista, essas coalizões e, principalmente, o que vem do mundo que não é ocidental é relevante para conseguirmos entender os processos de alteração dos fluxos de exportações e as oportunidades de mercado que vão surgindo com a emergência de novas potências.

“Tem o ganho de relevância da Índia, da Turquia. Também o Irã vem ganhando protagonismo com a Rússia no quesito das relações econômicas e militares. Então vai havendo, por parte da Rússia, essa mobilização na busca de conseguir mais parcerias e mais estratégias em termos econômicos, geopolíticos, nas mais diversas áreas, de uma forma geral, justamente para conseguir promover os seus interesses e também um amplo diálogo em um mundo que eles chamam de policêntrico”, avalia.

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Fonte: sputniknewsbrasil

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