DF dá mais um passo rumo à profissionalização dos esportes eletrônicos


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O Distrito Federal tem, a partir deste sábado (24), uma liga de esportes eletrônicos, os chamados e-Sports. Em evento na Asa Norte, provavelmente o único em que a ordem é para não desligar os celulares e nem deixá-los em modo avião, a instituição foi criada para representar os mais de 50 mil atletas locais. Mais que fortalecer a modalidade, a ideia da liga é fomentar e aquecer a economia criativa por meio da geração de novos postos de trabalho.

“Até o início do próximo ano, a Liga Candanga de e-Sports (LCE) realizará o primeiro campeonato. Será um torneio em nível nacional para mais de 25 mil pessoas, capaz de gerar alguns milhares de postos de trabalho diretos e indiretos”, adianta Moacir Alves, administrador de eventos dessa nova federação.

Diretor-geral de games da Campus Party e representante brasileiro da empresa alemã de esportes eletrônicos, o paraibano é uma das maiores referências da modalidade no Brasil, com passagens pelas equipes profissionais do Corinthians e do Cruzeiro. “Brasília tem um potencial enorme, pois há uma característica, aqui, muito semelhante aos grandes polos: a periferia domina os jogos”, conta.

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De acordo com ele, assim como o eixo Rio-São Paulo, os atletas de destaque estão em lugares como Sol Nascente, Samambaia, Estrutural e Recanto das Emas. “Enquanto a classe alta quer um vídeogame novo de última geração para brincar, as classes menos abastadas baixam jogos no celular, começam a jogar e, em poucas semanas, se inscrevem em competições que pagam prêmios de R$ 10. Em seis meses, eles competem por R$ 10 mil”, conta.

Em novembro, a Liga Candanga de e-Sports irá a um congresso esportivo em Dubai, nos Emirados Árabes, para troca de informações e experiências. Ao citar o país do Oriente Médio, Moacir lembra que, ao lado da Coreia do Sul, é um dos grandes centros mundiais da prática esportiva. “Eles têm ministros e secretários de estado específicos para essa pauta, pois entenderam que vai além do esporte. É geração de emprego e renda, é educação, é combate à violência e à criminalidade nas ruas e é um serviço social, pelo fato de chegar, principalmente, às comunidades mais carentes”, explica.

Incentivadora e entusiasta do e-Sports no DF, Renata d’Aguiar tem diversos projetos na área. Um deles já está em pleno funcionamento, um centro de treinamento e excelência para 250 crianças e jovens em situação de vulnerabilidade. Em Ceilândia, os treinos ocorrem gratuitamente com estrutura de última geração com o objetivo de tornar os participantes, atletas de ponta. “É mais que isso. De alguma forma a gente combate a evasão escolar, ensina uma profissão do futuro e promove a inclusão digital dessas pessoas”, comenta.

Segundo Renata d’Aguiar, a ideia é expandir esses centros para mais regiões do DF. “Nosso próximo passo é buscar parcerias com empresas do ramo e levar essa pauta para a Câmara Legislativa e para o Poder Executivo, com o objetivo de implementá-la dentro da política pública de educação”, projeta a fundadora do Instituto Reciclando o Futuro, que atende famílias em situação de vulnerabilidade.

Pedro Cruz, de 28 anos, mais conhecido como Coach Galo, é técnico da equipe Nova Gaming, com jogadores em vários estados brasileiros, inclusive no DF. Para ele, o preconceito ainda é um grande tabu enfrentado pelos praticantes. “Eu venho de uma família de médicos e advogados que, quando me viam treinando, pediam para eu parar e ir atrás de um emprego”, lembra o jovem. “Atualmente, minha renda líquida mensal é na casa dos R$ 7 mil. Agora, me entendem e respeitam meu trabalho”, completa.

Sob o comando de Coach Galo, a Nova Gaming chegou ao título dos Jogos Universitários Brasileiros, disputado em Brasília nessas últimas semanas. A equipe se prepara para a disputa da Série C da Liga Brasileira de Free Fire, prevista para o primeiro semestre de 2023.

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