A cidade perdida que ocupa uma superfície de quase 600 mil metros quadrados foi descoberta no México, no estado de Tabasco, na parte oriental do país, perto da fronteira com a Guatemala.
CC BY-SA 3.0 / School of Anthropology/Takeshi Inomata / Mapa das escavações da cidade perdida Aguada Fênix, no México

Mapa das escavações da cidade perdida Aguada Fênix, no México
As escavações de Aguada Fênix começaram em 2020 sob a liderança do antropólogo Takeshi Inomata, da Universidade do Arizona, após relatos locais de camponeses que frequentemente encontravam fragmentos de nefrita e ônix na região.
Apesar da vastidão do sítio, foram identificados poucos edifícios residenciais. Em contrapartida, estruturas de caráter claramente ritual, algumas com até 15 metros de altura, aparecem em número considerável.
CC BY-SA 3.0 / School of Anthropology/Takeshi Inomata / Escavações do pequeno aprofundamento em forma de cruz com pedaços de pigmento

Escavações do pequeno aprofundamento em forma de cruz com pedaços de pigmento
Ao redor do conjunto central, os arqueólogos mapearam cerca de 500 construções menores, mas semelhantes em traçado. A datação por radiocarbono revelou que o complexo foi erguido por volta de 1000 a.C.
Essa descoberta altera o entendimento dos cientistas de que o pico do desenvolvimento da civilização maia teria ocorrido em 250-900 d.C, quando eles chegaram à Yucatán, dominaram a agricultura e o artesanato primitivos e construíram as famosas pirâmides em Tikal e Teotihuacan.
Como se revelou, os maias já dominavam técnicas avançadas de construção muito antes do que se imaginava.
“Descobrimos que, no início do primeiro milênio antes de Cristo, houve uma ‘explosão’ de construções em larga escala, algo que ninguém conhecia até agora”, afirma Inomata.
Durante as escavações, os pesquisadores encontraram um poço ritual no coração do sítio arqueológico. Dentro dele, foram descobertos machados cerimoniais e joias de nefrita com gravuras de animais sagrados para os maias, como o crocodilo e o quetzal.
CC BY-SA 3.0 / School of Anthropology/Takeshi Inomata / machados cerimoniais, joias de nefrita e outras peças encontradas no poço ritual

machados cerimoniais, joias de nefrita e outras peças encontradas no poço ritual
“Isso indicava claramente que o local era destinado a rituais”, diz o antropólogo.
No fundo do esconderijo subterrâneo foi esculpido um pequeno aprofundamento em forma de cruz. Em cada um dos lados havia pequenos pedaços de pigmento nas cores azul, verde, vermelho e amarelo.
CC BY-SA 3.0 / School of Anthropology/Takeshi Inomata / O pequeno poço com pedaços de pigmento nas cores azul, verde, amarelo e vermelho

O pequeno poço com pedaços de pigmento nas cores azul, verde, amarelo e vermelho
“Sabe-se que quase todos os povos da Mesoamérica associavam os quatro pontos cardeais a cores específicas“, explica Inomata. “Mas nunca tínhamos visto uma representação tão detalhada dessa cosmologia.”
Além disso, a linha central do monumento em forma de cruz alinha-se perfeitamente com o nascer do sol em duas datas específicas: 17 de outubro e 24 de fevereiro. O intervalo entre elas é de exatos 130 dias, ou seja, metade do ano no calendário tradicional maia.
Agora, os pesquisadores investigam se Aguada Fênix pode ser considerada o mais antigo observatório astronômico conhecido na península de Yucatán, embora ainda haja muito trabalho a ser feito para confirmar essa hipótese.
CC BY 4.0 / American Association for the Advancement of Science (cropped image) / Escavações da parte central da cidade perdida Aguada Fênix, no México

Escavações da parte central da cidade perdida Aguada Fênix, no México
Outra descoberta relevante é que, em Aguada Fênix, não havia indícios de poder político centralizado. Assim como em Chichén Itzá, quem exercia influência não eram governantes coercitivos, mas sacerdotes, líderes espirituais e intelectuais.
“Esses líderes não governavam com força ou superioridade”. Provavelmente, as pessoas vieram espontaneamente, unidas pela ideia de criar um grande centro científico e religioso”, observa Inomata.
Essas evidências confirmam a suposição dos cientistas de que Aguada Fênix funcionava como uma verdadeira cidade científica maia.
O antropólogo Xanti Ceballos Pesina, que trabalha com Inomata, acrescenta que, se forem encontradas outras “cidades científicas” semelhantes, toda a história inicial da civilização maia precisará ser reescrita.
CC BY 4.0 / American Association for the Advancement of Science (cropped image) / Escavações da parte central da cidade perdida Aguada Fênix, no México

Escavações da parte central da cidade perdida Aguada Fênix, no México
Fonte: sputniknewsbrasil







