
Sapezal, município fundado por André Maggi e considerado um dos maiores polos do agronegócio do país, volta a ser palco de uma das histórias mais controversas de Mato Grosso. O que começou como um exemplo de progresso e visão empreendedora, agora se mistura a denúncias graves que expõem um esquema de corrupção, manipulação judicial e disputa por terras milionárias.
De acordo com documentos e relatos apresentados por produtores da região, um suposto esquema criminoso teria operado ao longo de mais de duas décadas, envolvendo grilagem de terras, falsificação de documentos públicos, procurações ideologicamente falsas, contratos fraudulentos e abuso de poder.
As denúncias citam diretamente o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), onde, segundo acusadores, ex-desembargadores e ex-juízes teriam atuado na venda de sentenças e manipulação de processos em benefício de grupos específicos.
Entre os nomes mencionados, aparece a família Ughini, apontada como uma das principais beneficiadas e, segundo as acusações, mentora de manobras jurídicas e fraudes que garantiram a apropriação de áreas milionárias.
As denúncias também atingem a AMAGGI, empresa fundada por André Maggi e hoje uma das maiores do setor, que teria se favorecido indiretamente dos resultados dessas disputas judiciais. Documentos sugerem que a companhia teria acobertado operações e usado como intermediários trabalhadores humildes, incluindo um ex-tratorista semi-analfabeto que, conforme os relatos, foi transformado em “laranja” dentro do esquema.
A trama, segundo os denunciantes, teria contado com apoio direto de advogados que hoje atuam na defesa das famílias envolvidas, muitos deles ex-integrantes da magistratura estadual. “Tudo se sustentou ao longo de décadas graças aos favores e às amizades dentro da Justiça”, afirma um dos relatos.

As notificações extrajudiciais já foram encaminhadas a todos os citados, mas até o momento não houve reparação ou posicionamento oficial. A denúncia é acompanhada de um vasto conjunto de documentos, incluindo registros cartoriais considerados falsos ou induzidos ao erro, que teriam servido de base para as decisões judiciais questionadas.
Para os produtores prejudicados, trata-se de um dos maiores escândalos fundiários de Mato Grosso, capaz de manchar a memória dos verdadeiros pioneiros e trabalhadores que ajudaram a construir Sapezal. Eles garantem que a impunidade “está com os dias contados” e que a luta pela verdade não será interrompida.
Fonte: nortaomt