Dos 23 setores da indústria de transformação, pesquisados pela Confederação Nacional da Indústria, (CNI), ao menos 12 apontam a demanda interna insuficiente como o principal obstáculo de crescimento, em referência ao desempenho adverso no segundo trimestre do ano (2T23). Para outros oito setores, a questão ficou no segundo e terceiros lugares, quando consultados sobre qual seria o seu ‘maior problema’. Ao todo, o estudo abrangeu 1.599 empresas, no período de 1º a 11 de julho.
A preocupação com relação à fragilidade do mercado interno esteve presente em quase 50% das empresas de Máquinas e equipamentos e Móveis, e 40% dos setores de Impressão e reprodução, Celulose e papel, Químicos (exceto HPPC), Madeira, Minerais não-metálicos, Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos, Têxteis, Produtos de material plástico, Produtos de metal e Couros e artefatos de couro, que admitiram se ressentir da falta de consumidores no 2T23. Situação semelhante apresentaram 30% das indústrias de Metalurgia, Máquinas e materiais elétricos, Produtos de borracha, Bebidas, Veículos automotores, Produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal (HPPC) e Calçados e suas partes.
Ao observar que a expansão da massa de rendimentos e da concessão de crédito teria sustentado o consumo em 2022, a economista da CNI, Paula Verlangeiro, assinala, porém, que desde o início deste ano, o consumo deu sinais evidentes de ‘perda de dinamismo’, sobretudo, em decorrência da expectativa de ‘menor crescimento do mercado de trabalho’.
“Além do mercado de trabalho menos aquecido, outros fatores têm contribuído para a redução da demanda. A manutenção das taxas de juros em patamar elevado e o alto endividamento geram comprometimento da renda das famílias contribuem para o crescimento da inadimplência e afetam diretamente a demanda por bens”, explicou Paula.
Em segundo plano, mas não menos relevante, 21 dos 23 setores pesquisados ‘elegeram’ a elevada carga tributária como um de seus três principais entraves. Deste contingente de setores, oito consideraram os tributos elevados como a maior ‘barreira’ para a atividade, como Bebidas; Equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos; Máquinas e materiais elétricos; Metalurgia; Produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal (HPPC); Produtos de metal; Produtos diversos; e Vestuário e acessórios.
Ainda no caso da carga tributária, segundo a economista da CNI, todos os setores classificaram a questão em percentuais superiores aos 20%, consolidando uma percepção de sua importância para o setor industrial. “O complexo e oneroso sistema tributário sempre foi uma questão relevante para os empresários industriais, o que tem levado, historicamente, o problema de elevada carga tributária às primeiras posições no ranking de principais problemas que afetam a indústria”, concluiu Paula.
Fonte: capitalist