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O delator Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), prestou depoimento no dia 31 de outubro à Corregedoria da Polícia Civil, denunciando supostas extorsões praticadas por policiais civis. Oito dias após a audiência, Gritzbach foi assassinado na área de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8).
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, confirmou em coletiva nesta segunda-feira (11) que Gritzbach havia delatado policiais que estariam exigindo dinheiro para não o envolver em crimes. “A Corregedoria ouviu Vinicius em razão de termos recebido extratos da delação no Ministério Público, nos quais ele citava nomes de policiais civis que, de alguma maneira, teriam praticado extorsão contra ele”, declarou Derrite. O secretário também destacou que o objetivo do inquérito instaurado era investigar as alegações e desvios de conduta desses policiais.
Gritzbach, empresário de 47 anos, firmou acordo de delação premiada com o Ministério Público em março deste ano, comprometendo-se a revelar esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e supostas práticas ilícitas de policiais. Em seus depoimentos, ele acusou um delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de extorsão e forneceu informações que resultaram na prisão de dois policiais civis ligados ao Departamento de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
Diante da execução de Gritzbach, a SSP formou uma força-tarefa, coordenada pelo delegado Osvaldo Nico Gonçalves, para investigar o crime. Em uma análise preliminar, foi identificado que os suspeitos utilizaram um galão de gasolina, supostamente para incendiar o carro após o crime, e material genético já foi coletado no veículo para auxiliar na identificação dos envolvidos. Câmeras de segurança capturaram imagens dos suspeitos, e a polícia investiga se houve troca de veículos durante a fuga, já que testemunhas afirmaram que os criminosos escaparam a pé.
Envolvimento de Policiais Militares e “Bico” Ilegal
Três policiais militares que faziam a escolta de Gritzbach revelaram que foram indicados para o “bico” por um tenente da Polícia Militar. Vale ressaltar que esse tipo de serviço particular é proibido pelo Regulamento Disciplinar da PM e configura uma transgressão grave. Os PMs Leandro Ortiz, Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Sousa e Romarks César Ferreira de Lima foram afastados das funções no sábado (9) até a conclusão das investigações.
Segundo o depoimento de Adolfo Chagas, ele começou a trabalhar para Gritzbach em 2023, a pedido do tenente Garcia, do 23º Batalhão Metropolitano, realizando serviços de segurança particular para a família do empresário. Chagas afirmou que interrompeu os serviços após descobrir o envolvimento de Gritzbach com o PCC, mas que, devido a dificuldades financeiras, aceitou um “serviço esporádico” entre os dias 7 e 8 de novembro para buscar Gritzbach e sua namorada no aeroporto.
Outro policial, Jefferson Silva, também relatou que prestava serviços de segurança para a família de Gritzbach, a convite do mesmo tenente, e que seu papel incluía garantir a segurança do filho do empresário. Jefferson disse que recebeu informações sobre as atividades ilícitas de Gritzbach, mas foi assegurado de que o empresário não estava sendo investigado, o que o levou a continuar no serviço.
A Execução
Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto a tiros na área externa do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo. As câmeras de segurança mostram o empresário, carregando uma mala, quando dois homens encapuzados descem de um veículo preto e atiram ao menos 29 vezes. Tentando fugir, Gritzbach salta a mureta que divide a via, mas é atingido e cai logo em seguida. Laudos preliminares indicam que ele foi alvejado por 10 tiros, em várias partes do corpo, incluindo rosto, braços, tórax e pernas.
Fonte: gazetabrasil