Entre as inovações em diferentes fases de desenvolvimento, estão novos medicamentos e vacinas contra doenças que desafiam há décadas a humanidade, como câncer colorretal, malária, HIV e fibrose pulmonar. Aliado a isso, no último mês, durante encontro entre os ministros da saúde dos 11 países do grupo, foi firmada uma parceria inédita para eliminar doenças socialmente determinadas, além de uma agenda sanitária para articular cooperação técnica em três eixos.
Com isso, os estudos desenvolvidos em cada país-membro podem ser acelerados, inclusive com a consolidação do Centro de Produção e Desenvolvimento de Vacinas do BRICS, outra iniciativa anunciada durante o encontro.
Os avanços médicos do BRICS
Diante disso, veja abaixo oito pesquisas em desenvolvimento que prometem inovar tratamentos e prevenção contra diversas doenças:
Vacina russa contra o câncer de intestino
Com expectativa de já ser disponibilizada neste ano, a vacina russa contra o câncer colorretal desenvolvida por cientistas da Agência Federal para Assuntos Médico-Biológicos já passou com sucesso por todas o ciclo de pesquisas pré-clínicas e conseguiu desacelerar em até 80% o avanço da doença, além de reduzir o tamanho dos tumores.
O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, é o terceiro mais comum no Brasil, com pelo menos 45 mil novos casos anuais, conforme o Ministério da Saúde.
“A singularidade das nossas vacinas reside não apenas na busca por neoantígenos tumorais individuais, mas também no método de entrega deles ao organismo”, destacou à Sputnik no último mês o vice-diretor geral do Centro Científico e Clínico Federal de Medicina Físico-Química, Vasily Lazarev.
Também seguem em estudo o desenvolvimento de imunizantes russos contra outros dois tipos de câncer: melanoma, considerado o mais grave para a pele, e glioblastoma, que é o mais agressivo no cérebro.
Medicamento brasileiro que reverte paralisia
Outro produto que promete revolucionar a medicina, o medicamento experimental brasileiro Polominina é desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com o laboratório farmacêutico Cristália. A inovação promete restaurar movimentos de pessoas que tiveram lesões na medula espinhal e ficaram tetraplégicas.
O medicamento é produzido a partir de um pequeno fragmento da placenta que, conforme os estudos, têm ajudado na regeneração de neurônios e, com isso, restabelece a comunicação entre o cérebro e o corpo, devendo ser aplicado até seis dias após a lesão. Desde 2018, seis pacientes que tiveram perda total da função motora e da sensibilidade são acompanhados pela equipe, com avanços significativos.
Adesivo chinês que repara fraturas em 3 minutos
Conhecido como Bone-02, pesquisadores chineses do Hospital Sir Run Run Shaw, na província de Zhejiang, conseguiram desenvolver um adesivo bioabsorvível que permite colar ossos rompidos após fraturas em apenas três minutos, sem a necessidade de implantes metálicos.
O adesivo foi testado com sucesso em mais de 150 pacientes e, com ele, foi eliminada a necessidade de realização de uma segunda cirurgia ortopédica para remover materiais utilizados na recuperação do osso, como placas e parafusos de aço.
A inovação promete ser um divisor de águas principalmente para tratamento de lesões complexas ou com dificuldade de acesso para materiais cirúrgicos.
Molécula que pode reverter o Alzheimer
Um estudo conduzido por pesquisadores da UFRJ, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), mostrou que a molécula hevina, produzida naturalmente pelo cérebro, conseguiu reverter a demência em camundongos idosos. Esses animais estavam em condições parecidas com pessoas com possuem Alzheimer.
Ao estimular o aumento da produção da hevina ao longo de seis meses, houve uma melhora da memória, aprendizado e comunicação em camundongos, quando comparados a outros com as mesmas condições clínicas que não receberam a substância. Com isso, a descoberta pode abrir uma nova frente para tratamento da doença.
Avanços na África do Sul para a cura do HIV
Outros resultados promissores ocorreram em um estudo realizado pela Universidade de KwaZulu-Natal em parceria com o Instituto de Pesquisa em Saúde da África do Sul sobre a cura do HIV. A pesquisa mostrou que a doença foi controlada em pacientes sem necessidade de medicamentos antirretroviral.
O novo tratamento é conhecido como imunoterapia combinada, em que 20% dos participantes apresentaram supressão total do vírus em um ano e meio. O objetivo da pesquisa é fazer com que os traços de HIV sejam ocultos ou até eliminados do corpo, em que o sistema imunológico possa manter o vírus sob controle sem a necessidade de uma medicação por toda a vida.
Vacina indiana promete de eliminar malária até 2030
Os pesquisadores do Centro Regional de Pesquisa Médica de Bhubaneswar, na Índia, criaram a vacina AdFalciVax, a primeira contra a malária produzida no país e que se mostrou eficaz para combater o parasita mais letal que provoca a doença. Com isso, o imunizante pode ajudar a Índia a eliminar a transmissão da malária até 2030.
Ao ser aplicada, a vacina consegue atingir o parasita antes mesmo de entrar no sangue humano em uma eventual transmissão pelo mosquito. Outro benefício é que o estudo mostrou que o imunizante pode ser mantido em temperaturas ambiente por até nove meses, o que facilita a distribuição.
Medicamento descoberto por inteligência artificial
A China está desenvolvendo um tratamento contra a fibrose pulmonar idiopática a partir de uma molécula pequena chamada de Rentosertib, descoberta via inteligência artificial.
A segunda fase dos testes clínicos, realizados pela Faculdade Médica da União de Pequim em parceria com a Insilico Medicine, mostraram que o medicamento tem como alvo a proteína TNIK no pulmão, que até então não era atacada por outros medicamentos.
Até então, os remédios existentes conseguem somente retardar a doença, que afeta cerca de cinco milhões de pessoas em todo o mundo e tem média de sobrevida entre 3 e 4 anos após ser descoberta.
Antibiótico natural descoberto por cientistas russos
Em 2020, cientistas russos publicaram na revista Applied Biochemistry and Microbiology a descoberta de um antibiótico natural que conseguiu superar a resistência de patógenos a medicamentos, sendo eficaz no combate às infecções causadas por bactérias e fungos em humanos e animais.
O estudo foi conduzido na Universidade Estatal de Tyumen e mostrou que a substância possui um efeito universal, o que pode ajudar a combater até tumores a partir do antibiótico natural. A terapia pode ser realizada através de injeção ou por uso tópico, tratando diretamente o tecido afetado.
Fonte: sputniknewsbrasil