O Nubank apresentou resultados recordes em seu primeiro balanço do ano, alcançando a marca de R$ 1 bilhão no lucro ajustado da operação brasileira* e com retorno sobre o capital (ROE) anualizado ajustado de 43% no país – um dos mais altos do setor.
Fundada há dez anos como uma fintech de cartão de crédito, a empresa realizou IPO no final de 2021 na New York Stock Exchange (NYSE) sob enorme ceticismo do mercado brasileiro, que ainda questionava o modelo de negócios 100% digital.
Em paralelo, analistas estrangeiros sempre tiveram uma postura mais confiante em relação à companhia. “O mercado está subestimando a capacidade do Nubank de gerar crescimento e rentabilidade”, disse o time do Morgan Stanley, para quem a empresa sempre esteve bem posicionada para “construir uma das maiores e mais valiosas franquias em serviços financeiros da América Latina.”
A virada de opinião começou em fevereiro, quando o balanço de 2022 trouxe a lucratividade recorrente. Agora, de acordo com relatório de análise do Credit Suisse, está consagrada com o resultado do 1T23. “Se vimos os resultados do quarto trimestre como um divisor de águas para os céticos, este pode ser outro para mudar a opinião dos mais incrédulos.”
Em maio, o Itaú BBA trouxe pela primeira vez a recomendação de compra dos papéis da empresa, e declarou: “O Nubank está provando que tem conexões com clientes e capacidade de ganhos superiores, mesmo em um cenário macroeconômico adverso, com lucros maiores que todos os bancos digitais combinados.”
Alguns poucos mantêm o ceticismo, mas com base em previsões que ficaram muito distantes dos resultados. O Santander, por exemplo, previu lucro líquido de US$ 34 milhões no primeiro trimestre. O Nubank entregou mais de quatro vezes isso: US$ 142 milhões. A ação do Nubank listada na NYSE acumula alta de 83% no ano (de 3 de janeiro a 19 de maio de 2023).
Fórmula vencedora
A fórmula de geração de lucro da empresa vem comprovando eficácia, com resultados financeiros robustos e consequentemente inovação e qualidade no produto final para os clientes. O primeiro fator dessa conta é o aumento na base de clientes, ultrapassando em abril 80 milhões na América Latina, distribuídos em todos os segmentos econômicos.
Em seguida, vem a monetização da base. Com uma gama cada vez maior de produtos que simplificam a vida financeira, tem aumentado o número de pessoas que usam o Nubank como conta principal.
Ao todo, 82% dos clientes totais são clientes ativos da empresa e, desses, 57% já utilizam a plataforma como seu principal provedor de serviços financeiros, o que alavanca a possibilidade de venda de novos produtos e serviços. Atualmente, a receita por cliente ativo é de US$ 8,6, número que cresceu 30% no último ano, neutro de efeitos cambiais
Essa engrenagem funciona com a base de custo mais baixa do setor, por ser uma empresa digital. O “custo para servir” se mantém estável na comparação anual, em US$ 0,8 por cliente ativo. Para fechar a conta, a taxa de eficiência da empresa é de 39%, uma das melhores do mercado, sendo que no Brasil já atingiu 36,9%, a melhor entre as grandes instituições financeiras do país.
Potencial de crescimento
No evento de aniversário de dez anos da empresa, os fundadores avaliaram que uma das lições mais importantes que aprenderam foi que, apesar da coragem que tiveram para desafiar um setor consolidado, eles próprios subestimaram o potencial da disrupção.
“O mercado estava muito mais pronto para o Nubank do que a gente imaginou”, afirma David Vélez, fundador e CEO. Nas projeções de 2013, a empresa previa ter 1 milhão de clientes em 2019 – naquele ano, chegou a 20 milhões.
Os ganhos de escala também já começam a surgir. No México, o Nubank acaba de lançar a conta de depósitos, chegando a 500 mil clientes em uma semana. De acordo com Cristina Junqueira, o segredo sempre foi resolver a vida dos clientes. “Tudo que fizemos foi pensando em entregar o melhor para eles: um atendimento humano, que os escutasse de verdade, uma interface intuitiva, um produto tão bom que todo mundo iria querer.”
Apesar das conquistas, Vélez sempre reitera que ainda há muito espaço para aumentar a participação no mercado. Para a próxima década, o Nubank diz estar investindo na nova geração de serviços, em um novo paradigma tecnológico e de inteligência artificial que buscará atender todas as necessidades financeiras do cliente com automatização e personalização.
*US$ 200 milhões, aproximadamente R$ 1 bilhão na média de câmbio dos últimos três meses. No nível da holding, o lucro líquido foi de R$ 736 milhões.
Fonte: exame