De análise de dado ao “Tinder do Aço”, as startups vencedoras em feira de inovação industrial


Um dos desafios das grandes indústrias do país é pensar em alternativas para incorporar mais inovação em seus processos, reduzindo custos e aumentando a produtividade. Uma das possibilidades é participar de programas de inovação aberta, onde chamam startups para solucionar problemas internos do negócio. Para isso, é importante que o ecossistema de tecnologia e startups esteja já pensando em soluções de problemas para o setor industrial, que representou 23,9% do PIB brasileiro em 2022.

Durante a Mercopar, evento de inovação para a indústria que acontece em Caxias do Sul, na serra gaúcha, 16 startups participaram da edição regional do Sebrae Like a Boss. O programa organizado por praticamente todos os Sebraes pelo país utiliza a competição entre startups como uma ferramenta para conectá-las ao mercado e qualificá-las para eventos. 

“Para muitas delas, é a primeira vez que fazem um pitch ou que são avaliadas por uma banca com investidores-anjos e gestoras“, diz Alcir Cardoso Meyer, diretor de startups do Sebrae RS, chamado de Startup X. 

Das 16, quatro passaram para a edição estadual do Sebrae Like a Boss, que acontece durante o Gramado Summit, outro evento de inovação na serra gaúcha. De lá, as vencedoras vão representar o Rio Grande do Sul na edição nacional, que acontece anualmente no Startup Summit, em Santa Catarina. Veja as vencedoras:

  • 1º lugar: Data 4 Company
  • 2º lugar: Urupê
  • 3º lugar: Bubuyog
  • 4 º lugar: Vent 

Elas foram avaliadas em categorias como modelo, mercado, inovação, equipe e finanças. Agora, passaram por processos de aceleração para irem se preparando para as próximas etapas.

O que faz a vencedora Data 4 Company

A grande vencedora do Like a Boss da Mercopar foi a Data 4 Company, empresa recém-criada em Santa Cruz do Sul, a 155 quilômetros de Porto Alegre. O negócio ajuda na interpretação e consolidação de dados fiscais para simplificar a gestão financeira de micro, pequenas e médias empresas. Na prática, o sistema da Data 4 Company consegue puxar dados que esses microempreendedores colocam em plataformas como o Excel e oferecer várias informações financeiras para eles. 

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“Com essa plataforma, o pequeno e médio empresário pode controlar melhor a margem de contribuição, lucro líquido, prazo médio de recebimento e pagamento, tíquete médio por família de produto, cliente que mais recebeu”, diz o co-fundador Bruno Silveira.

Desde que começaram a vender a plataforma, em julho, já chegaram a oito Estados e contam com 73 clientes. Antes disso, Bruno e seu sócio já faziam dashboards personalizadas, mas para empresas maiores, especialmente de tabaco, que é muito forte na região de Santa Cruz do Sul. 

A expectativa é de alcançar 100.000 reais de receita recorrente mensal em um ano. Com isso, vão conseguir bater, em breve, 1 milhão de reais em faturamento. 

O que fazem as outras startups vencedoras

Em segundo lugar, ficou a gaúcha Urupê, de gestão de resíduos. Criada há dois anos, a startup oferece uma função “integrada” para indústrias gerirem seus resíduos. Funciona assim: uma empresa chama a Urupê, que conecta uma consultoria para ver como o negócio pode gerar menos lixo e gastar menos com resíduos. Depois, a própria Urupê também conecta o reciclador, que fará o recolhimento do lixo gerado.

“Todo resíduo que é de boa qualidade, a gente recicla e coloca de volta na cadeia produtiva”, diz Roberto Andrade, CEO da startup. “E aquele rejeito, que não pode ser reciclado, destinamos para coprocessamento, que é uma tecnologia de reciclagem energética. Transformamos o lixo em energia. Nosso objetivo é que nenhum resíduo vá para aterro sanitário”. 

Roberto Andrade, CEO da Urupê: startup de gestão de resíduos ficouem segundo lugar

Andrade é empresário do setor de embalagens de papel para indústria. “Há três anos, me entendi como causador de um problema ambiental”, afirma. Foi aí que decidiu fazer a Urupê, para gerar valor do lixo. Hoje, a empresa atua, principalmente, na serra gaúcha. 

Na terceira posição, ficou a Bubuyog. A empresa é um marketplace de aço. Ela conecta empresas que estão precisando da matéria-prima com outras que estão com o produto sobrando em seu estoque. “Somos um Tinder do aço”, afirma o CEO Eduardo Breda. Já em quarto lugar ficou a Vent, que faz a integração de dados de mercado e da própria empresa em um único lugar. Isso permite que as companhias façam decisões já analisando as informações setoriais.

Quais são os próximos passos do Sebrae Like a Boss

Agora, as quatro empresas vencedoras passarão por treinamentos e programas de aceleração para aperfeiçoarem seus negócios. Elas vão se preparar para voltar a fazer seus pitchs no Gramado Summit, na edição estadual do Sebrae Like a Boss. De lá, as selecionadas participarão da versão nacional, no Startup Summit. 

“O Sebrae X, do Rio Grande do Sul, já está com 1.300 startups ativas que recebem orientações, networking e aceleração”, afirma Meyer. “O nosso objetivo é ajudar o empreendedor a se desenvolver no universo da startup. E fazemos isso desde o ensino infantil. Desenvolvemos um aplicativo que ajuda as crianças a terem uma visão de empreendedorismo”. 

O Sebrae X também organizou um livro, chamado Startup Guide Rio Grande do Sul, que apresenta uma série de startups, fundadores, programas de aceleração, espaços, escolas e investidores. De acordo com Meyer, é o primeiro livro desse tipo na América Latina, feito pela mesma equipe que fez os guias de startups de países como Polônia e Áustria. Ele é todo em inglês, porque um dos principais objetivos é atrair investidores internacionais que possam se interessar por uma solução apresentada no guia. 

Fonte: exame

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