“Indicar o Alckmin de vice vinha se costurando como uma tentativa de se consolidar uma frente ampla democrática que reunisse os setores que estavam dentro desse último período, especialmente após a vitória de Bolsonaro, esforçando-se para construir uma defesa intransigente da democracia e das instituições do Estado democrático de direito. É o principal elemento que consolida essa frente do Lula com Alckmin de vice”, aponta Portes.
“O Alckmin teve uma importância fundamental enquanto político da envergadura que tem, pela relação com São Paulo — um estado que é muito difícil para o PT, muito difícil para o antibolsonarismo. […] Além de ser uma presença simbólica, tem uma relação política mais pragmática, das relações com os prefeitos, e ele se dedicou muito, participou da campanha, esteve nos atos de campanha, fez vídeos.”
Alckmin fez um giro à esquerda?
“É difícil dizer se um giro à esquerda do Alckmin aconteceu ou não. Independentemente disso, acho que se construiu uma coalizão democrática — nos seus vários significados — muito grande. É preciso ver como vai se construir o debate econômico, porque é aí que talvez os pontos de divergência sejam mais fundamentais, dos projetos em que ambos antagonizaram. […] O fato é que ele saiu de um partido que antagonizava com o PT e foi para um partido que sempre teve uma relação mais próxima nacionalmente ao PT. De fato é um giro, não sei se um giro à esquerda”, aponta.
Transição e governo
“Dentro da política, ele é uma figura bem quista. O Alckmin tem uma atuação política de longa data e está cumprindo um papel fundamental nesse processo de transição. […] Ele ocupar esse papel na liderança da transição sinaliza que ele terá um papel destacado dentro do governo.”
“A ver onde será esse papel, apenas como vice-presidente mas com destaque maior nas articulações do governo ou se vai ocupar um ministério com um papel mais político, de maior relação com o Congresso, como Casa Civil, Secretaria de Governo”, aponta o sociólogo.
Fonte: sputniknewsbrasil