Em 6 de fevereiro, terremotos poderosos ocorreram na Turquia. Lá, assim como na vizinha Síria, cerca de 60.000 pessoas morreram devido à destruição maciça.
Geleia em vez de terra
Um terremoto com magnitude de 6,5 ocorreu no Afeganistão na terça-feira (21). Os tremores foram sentidos em vários países, mas o Paquistão sofreu o maior impacto, com nove pessoas mortas e 44 feridas.
No sábado (18) foi registrado um terremoto de magnitude 6,8 no oeste do Equador. O epicentro ficava a 60 quilômetros da cidade de Guayaquil. Pelo menos 14 pessoas faleceram e cerca de 500 ficaram feridas.
Segundo a mídia local, as vibrações da terra levaram à liquefação do solo, que começou a se comportar não como um corpo sólido, mas como um líquido denso, ou fluido. Um fenômeno semelhante já foi observado antes, inclusive no terremoto de 2016 no Equador (magnitude 7,8).
Os relatos de terremotos aumentaram acentuadamente desde a tragédia na Turquia. Durante o fim de semana, diferentes partes do mundo foram abaladas, nomeadamente a região de Magadan no Extremo Oriente russo (5,1), Alasca (5,4) e a província turca de Kahramanmaras (4,3), que já foi atingida pelo cataclismo de fevereiro.
Por que treme com mais frequência?
Especialistas explicam que os processos sísmicos podem de fato se intensificar temporariamente, mas este é um fenômeno normal.
De acordo com Pyotr Shebalin, diretor do Instituto de Teoria da Predição de Terremotos e Geofísica Matemática da Academia de Ciências da Rússia, há uma hipótese sobre ciclos sísmicos com uma periodicidade de cerca de 50 anos.
Assim, uma série de choques subterrâneos poderosos foi registrada entre 2004 e 2011. Antes disso, vários terremotos, inclusive com magnitude superior a nove, ocorreram nos anos 50 do século passado.
“Ainda não está claro se existe um padrão ou é apenas uma coincidência. Os terremotos mais fortes [com uma magnitude superior a seis] têm sido registrados há mais de 100 anos. Entretanto, este não é um longo período para se falar de ciclos. E as primeiras estatísticas não estão disponíveis para o globo inteiro”, diz o cientista.
O que causa esta periodicidade não é claro. Alguns cientistas estão tentando explicar o aumento de terremotos como um fenômeno de maré – quando outros corpos celestes atuam sobre a crosta terrestre. No entanto, não há provas conclusivas para isto.
Alguns cientistas explicam o aumento de terremotos por uma influência de outros corpos celestes na crosta terrestre. No entanto, não há provas sólidas disso.
Falando do acontecimento no Equador, Shebalin indica que se trata de um terremoto bastante forte, mas nada fora do comum. O país está localizado na zona do chamado Anel de Fogo do Pacífico, a região mais sismicamente ativa do planeta.
Meia centena por dia
O Serviço Geológico dos Estados Unidos admite que cada vez mais terremotos são registrados nas estatísticas nos últimos anos. Mas a razão é o aumento das capacidades técnicas da ciência, particularmente no número de instrumentos sísmicos.
De acordo com a agência norte-americana, que possui a mais extensa rede de sensores sísmicos do mundo, houve 16 terremotos com magnitudes superiores a sete entre 21 de março de 2022 e 20 de março de 2023, dos quais cinco foram superiores a 7,5. Os tremores turcos são os mais fortes (7,8).
Desde o início do século XXI, o número de fortes terremotos não só não tem aumentado, como tem estado diminuindo ligeiramente. Durante a última década, 140 terremotos com magnitudes superiores a sete foram registrados, enquanto entre 2003 e 2013 chegaram a se registrar 162.
Ao todo, há mais de 20.000 terremotos por ano, ou seja, cerca de 55 por dia. Se estes processos geológicos não resultam em perda de vidas, a mídia tende a ignorá-los.
Fonte: sputniknewsbrasil