“Talvez, se a gente puder falar em alguma surpresa nesse ciclo eleitoral, seja justamente a reentrada do partido de esquerda, o Die Linke, no parlamento. Esse era um partido dado como praticamente extinto, sobretudo a partir do momento em que a sua principal liderança, a Sarah Wagner, saiu para fundar outro partido de esquerda populista”, opina Bivar.
Como funcionam as eleições na Alemanha
“Existem esses dois votos e, a partir da combinação desses dois votos, quem recebe mais votos no primeiro voto, esse voto no indivíduo, tem acesso imediato ao parlamento, tem sua vaga garantida, ao passo que o segundo voto decide justamente a distribuição das cadeiras restantes. Vão sobrar algumas cadeiras ali com base nesse segundo voto, e aí os nomes que vão ocupar essas cadeiras são decididos a partir de uma lista que os partidos divulgam para preenchimento dessas vagas remanescentes”, explica o professor da UnB.
“O cenário mais provável, se isso se confirmar, é que a gente tenha uma coalizão entre CDU e SPD, que é justamente a coalizão mais comum da história da Alemanha, atualmente chamada grande coalizão porque reúne os dois partidos mais tradicionais da política alemã no campo da centro-direita e da centro-esquerda”, aponta o analista.
Quais caminhos Merz, caso confirmado, deve seguir na política externa alemã?
“Existe um senso de urgência na Alemanha, como na Europa como um todo, em relação à necessidade de políticas de defesa comum que busquem justamente reduzir essa dependência da Alemanha e da Europa como um todo em relação aos Estados Unidos. Elas tendem a ganhar mais espaço dentro do debate europeu”, analisa Bivar.
“Merz trabalhou na BlackRock, fez muito dinheiro no mercado financeiro como advogado. Então tem um perfil um pouco mais próximo que agrada Donald Trump em termos de negociação”, diz o especialista.
“Do ponto de vista do eleitorado, certamente algumas pessoas advogam essa solução proposta pela AfD de uma normalização de relações que permitiria novamente o fluxo de gás barato para a Alemanha e contribuiria com o controle da inflação, sobretudo nesse segmento da energia. Mas esse não é o cenário mais provável, pensando na composição do governo que deve se formar a partir de agora”, finaliza.
Fonte: sputniknewsbrasil