Crise econômica recorrente da China faz mercado temer ‘momento Lehman’


O risco de um contágio global, em decorrência das dificuldades econômicas da China (sobretudo, de seu setor imobiliário) tem provocado estresse crescente entre os investidores, que temem a reedição do ‘momento Lehman’, em referência à falência do banco ianque, que detonou a crise internacional de 2008.

No centro das preocupações do mercado está a Zhongrong International Trust, empresa do gigante asiático detentora de ativos financeiros no montante de US$ 108 bilhões, conforme dados referentes ao final de 2022.

A atenção dos players se acentuou, depois que quatro produtos de trust, negociados pela Zhongrong (que integra o conglomerado financeiro Zhongzhi Enterprise Group, com negócios de gerenciamentos de riquezas), deixaram de pagar juros e seu principal, avaliado em US$ 14 milhões, para três companhias listadas em bolsa na China. Com sede na capital, Pequim, a Zhongrong atua no financiamento a projetos de construção de muitas incorporadoras. Caso tal situação de inadimplência se agrave, esta poderá representar uma ‘bola de neve’ sobre outros setores econômicos do país oriental.

Nos últimos dias, por meio das mídias sociais, investidores individuais informaram não ter recebido os pagamentos prometidos por produtos da Zhongrong e de algumas outras unidades da Zhongzhi, o que foi objeto de reclamação às autoridades locais. As queixas públicas não foram contestadas pelas empresas do grupo.

Dados do mercado estimam que o setor financeiro de ‘trusts’ da China dispõem hoje de um montante de US$ 2,9 trilhões em ativos sob gerenciamento até 31 de março, volume que tem servido para financiar as incorporadoras. Os recursos dos fundos do setor são, em geral, captados de pessoas e companhias, com interesse em investir em ações, bônus, projetos imobiliários, entre outros ativos.

Somado à crise deflagrada pela gigante incorporadora Country Garden, crescem os temores a respeito do sistema shadow banking da China e sua correlação com o setor imobiliário.

Embora admita a existência do temor do ‘momento Lehman’, envolvendo o risco de insolvência do sistema financeiro da China, o analista da Gavekal Research, Xiaoxi Zhang, em nota, ressalva que a ‘vigilância regulatória’ de Pequim deve tornar isso improvável.

Ante um crescimento econômico morno e da inadimplência recorde das incorporadoras, os preços de imóveis novos recuaram 2,4%, no confronto com a máxima de agosto de 2021, segundo dados do governo, ao passo que os imóveis usados caíram 6%, no mesmo comparativo.

Fonte: capitalist

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