Crime organizado fatura R$ 348 bilhões e drena o país por todos os lados


Da Redação

A Bronca Popular

Quando se fala em crime organizado no Brasil, muita gente ainda imagina apenas o tráfico de drogas. Mas os números mais recentes mostram uma realidade muito mais assustadora: as facções se tornaram verdadeiros conglomerados bilionários, infiltrados em mercados legais, plataformas digitais, postos de combustíveis, garimpo, bebidas e até nas brechas do sistema financeiro.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esse megaesquema movimentou R$ 348,1 bilhões em apenas um ano — mais que todo o orçamento anual de diversos estados brasileiros. Um império clandestino que cresce enquanto o poder público tenta, muitas vezes sem sucesso, correr atrás.

O levantamento revela que os maiores faturamentos já não vêm da cocaína, mas de setores inteiros dominados silenciosamente por milícias e redes criminosas.

Só o mercado de combustíveis e lubrificantes — adulterados, contrabandeados ou controlados por grupos armados — rendeu R$ 61,5 bilhões.

O comércio ilegal de bebidas aparece logo atrás, com R$ 56,9 bilhões, corroendo arrecadação e financiando arsenais.

O ouro, combustível da devastação na Amazônia, virou outra mina de dinheiro: R$ 18,2 bilhões passam pelas mãos do crime a cada ano.

No tabaco, são mais R$ 10,3 bilhões em cigarros contrabandeados que circulam livremente em camelôs e bairros periféricos.

Mas o dado mais perturbador vem do mundo digital: golpes, fraudes e furtos de celular geraram R$ 186 bilhões entre 2023 e 2024.

O crime organizado agora opera como empresa de tecnologia: call centers do estelionato, especialistas em engenharia social, softwares de fraude bancária e estruturas de lavagem que rivalizam com startups.

Curiosamente, o tráfico de cocaína, antes o carro-chefe do crime, hoje representa “apenas” R$ 15 bilhões — prova de que as organizações criminosas evoluíram, diversificaram e se profissionalizaram.

Enquanto isso, a Polícia Federal tenta reagir. As operações da Ficco geraram R$ 5,6 bilhões de prejuízo para facções em 2024, um avanço importante, mas ainda pequeno frente ao oceano de dinheiro ilícito que corre solto.

O mais chocante: o próprio governo admite que existem pelo menos 88 grupos criminosos organizados atuando no país. O Brasil abriga, portanto, a maior e mais diversificada economia paralela do continente — uma engrenagem que, financiada por bilhões, ameaça o Estado, distorce o mercado e avança sobre territórios urbanos e rurais com a força de um país dentro do país.

Projeto Antifacção

Os tentáculos de terno e gravata do crime organizado se infiltram em Brasília com a mesma voracidade com que dominam territórios nas ruas. A quinta mudança no parecer do relator Guilherme Derrite sobre o projeto Antifacção escancara a interferência persistente das facções dentro do meio político, numa tentativa clara de desfigurar o projeto federal de combate ao crime organizado.

Enfraquecer e limitar a atuação da Polícia Federal não é por acaso: é apenas uma das muitas estratégias para manter bilhões em esquemas ilegais fora do alcance da lei e da segurança pública. O crime organizado tenta legislar em causa própria — e às claras.

E a pergunta que fica é: se o crime já fatura mais do que muitos estados brasileiros, quem realmente está no comando?

Fonte: abroncapopular

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