DANIEL MONTEIRO
DA REDAÇÃO
Com o objetivo de discutir os perigos e os impactos negativos da comercialização e utilização de produtos fora dos padrões de qualidade, a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Furtos de Fios e Cabos da Câmara Municipal de São Paulo ouviu nesta quinta-feira (28/9), como colaborador, o engenheiro Edson Martinho, diretor executivo da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade).
De acordo com dados da Abracopel, em 2022 foram registrados no Brasil 1.828 acidentes envolvendo eletricidade, com 686 mortes. Desses, 101 foram causados por descargas atmosféricas, resultando em 39 óbitos; 874 incêndios foram decorrentes de sobrecarga de energia (curto-circuito), ocasionado 55 mortes; e houve 853 acidentes com choque elétrico e 592 pessoas morreram.
Um dado destacado por Martinho é de que as principais vítimas dos incêndios são crianças e idosos. “Criança porque não consegue decidir para sair do local e idoso por problema de locomoção. Então, a grande maioria das pessoas estão nesse [recorte]”, explicou. Além disso, em 2022, as mortes por choque elétrico se concentraram, principalmente, na rede de distribuição (262) e na moradia (149).
Questionado pelo relator da CPI, vereador Coronel Salles (PSD), se há possível correlação entre o furto de fios e cabos e a ocorrência de acidentes e mortes envolvendo eletricidade, Martinho disse ser “muito provável”. “Porque quem furta o fio vai vender para quem recicla e, quem recicla esse fio, vai vender para quem não é correto, quem não é honesto na fabricação de fios. E isso é um caminho que vai acabar acontecendo de chegar numa situação como essa [de acidente e morte]”, completou o diretor executivo da Abracopel.
Também em resposta a questionamentos, ele pontuou algumas medidas efetivas para minimizar a possibilidade de acidentes, em especial a conscientização. “Para entender o seguinte: fios e cabos eles são de cobre, cobre é regido pela Bolsa de Londres, então não tem preço diferente para ‘a’ e ‘b’. Todo mundo compra do mesmo lugar. E fio é feito de cobre e PVC, e PVC também é uma situação. Então, não existe um fio que pode ser feito mais barato”, exemplificou, citando ainda a necessidade de aumento da fiscalização e o fortalecimento dos órgãos responsáveis.
Com as informações, o vereador Coronel Salles avaliou a reunião desta quinta-feira. “Nós conseguimos identificar que existe um liame do furto de fios com os receptadores e com a venda para empresas que colocam no mercado, que falsificam fios. Olha só como é perverso isso! E depois esse material é disponibilizado no Brasil todo colocando em risco as nossas famílias. Você vai construir a sua casa, o sonho da casa própria, e você compra um material que pode matar a tua família. E tudo começa no furto de fios, no receptador, que é o elo perverso dessa corrente. E agora encontramos um outro vilão, que compra do receptador e faz o fio de má qualidade, por vezes até falsificando o selo do Inmetro”, ponderou Salles.
Também estiveram presentes o presidente da CPI dos Fios, vereador Aurélio Nomura (PSDB), e o vice-presidente do colegiado, vereador Eli Corrêa (UNIÃO). A íntegra da discussão pode ser conferida no vídeo abaixo: