Coronel Fernanda pede CPI para investigar assalto ao INSS: 2 entidades nasceram com Temer, 11 com Bolsonaro e 2 com Lula


Da Redação

A Bronca Popular

A velha prática do oportunismo político ganhou novo capítulo na última semana com a atuação da deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT). Ignorando deliberadamente a gênese e o agravamento do esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas, a parlamentar tenta empurrar toda a responsabilidade para o governo Lula, como se o escândalo não tivesse raízes profundas plantadas ainda nas gestões Temer e Bolsonaro.

A operação da Polícia Federal, que desmontou o esquema e revelou um rombo de R$ 6,3 bilhões, escancara a verdadeira linha do tempo da corrupção: a farra começou ainda no governo de Michel Temer, com a criação de entidades como a Ambec e a Conafer em 2017, ganhou força explosiva no governo Bolsonaro, com a liberação desenfreada dos empréstimos consignados pelo então superministro Paulo Guedes, e apenas estourou, inevitavelmente, agora, durante o governo Lula.

Os números falam por si. Das 11 associações investigadas, duas nasceram no governo Temer, mas sete surgiram diretamente no período Bolsonaro (entre 2021 e 2022), impulsionadas pela desregulamentação e estímulo ao consignado na esteira da Reforma da Previdência. Entidades como AAPB, AAPEN, AAPPS Universo, Unaspub e outras foram criadas em plena gestão bolsonarista, no ambiente de terra arrasada de fiscalização e incentivo ao crédito fácil — mesmo para os mais vulneráveis.

Ainda assim, Coronel Fernanda e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) protocolaram, nesta sexta-feira (25), um pedido de criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o INSS, mirando exclusivamente o atual governo. Uma manobra clara de desinformação, que tenta culpar a gestão Lula enquanto esconde que o ambiente para o escândalo florescer foi preparado nos anos anteriores.

A tentativa de blindagem é tão óbvia quanto a hipocrisia: a CPMI, se de fato for instalada, deverá convocar também o ex-ministro Paulo Guedes, o famoso “Posto Ipiranga” de Bolsonaro, além de figuras do atual governo, como o ministro Carlos Lupi. Mas, até agora, Coronel Fernanda e seus aliados silenciam sobre o papel da gestão passada no escândalo.

O caso mais emblemático do esquema é a Conafer, uma ONG supostamente voltada para a defesa de comunidades indígenas e pequenos agricultores, presidida pelo pecuarista Carlos Lopes. Criada em 2017, a Conafer faturou alto com descontos indevidos em aposentadorias e pensões, arrecadando mais de R$ 200 milhões apenas em 2023. Um retrato cruel da transformação de causas sociais em instrumentos de exploração.

Ao ignorar os fatos e tentar reescrever a história recente, Coronel Fernanda expõe não só seu alinhamento cego com o bolsonarismo, mas também seu desprezo pela verdade. Para quem deveria zelar pela justiça e pela ética na vida pública, a estratégia soa como um insulto a milhões de aposentados e pensionistas lesados por um sistema construído com a conivência daqueles que ela hoje protege.

Se há algo que essa investigação precisa mostrar — e a sociedade exige — é que corrupção não tem cor partidária. E que, neste caso, o golpe começou muito antes de Lula assumir o governo. Jogar fumaça sobre os fatos não apaga as digitais deixadas no caminho.


Fonte: abroncapopular

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