Cooxupé: Com política pública eficiente, Brasil poderia avançar em até 25% com a produção de café


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Mais do que nunca, os olhos do mundo se voltam para o Brasil quando o assunto é café. O país, que já é líder global na produção e pesquisa, vem avançando muito na qualidade, apesar dos inúmeros desafios climáticos enfrentados pelos produtores nos últimos anos. 

O Brasil, inclusive, nos últimos anos vêm fazendo negócios expressivos com outras origens produtoras de café. Entre 2021 e 2022, a Colômbia – segundo maior produtor de arábica do mundo e referência em qualidade, avançou nas importações do produto brasileiro. Mais recentemente, também enfrentando quebra na produção, aparecem na lista Indonésia, Vietnã e México. 

As mudanças climáticas impactam diretamente as demais origens, no Brasil não foi diferente. Analistas e traders afirmam que diante deste contexto global, o mundo cada vez mais precisa do produto brasileiro.

O país tenta se recuperar das quebras dos últimos anos e a expectativa é que a safra que começa nas próximas semanas tenha volumes mais significativos. E apesar dos desafios e as incertezas climáticas, lideranças do setor afirmam que o Brasil tem uma grande oportunidade daqui pra frente, inclusive com a abertura de novos mercados. Depois do susto com seca e geada, o produtor que estava resistente em participar do mercado vem aproveitando o bom momento das últimas semanas. 

Durante a Femagri, na semana passada, Osvaldo Bachião Filho – vice presidente da Cooxupé, mencionou os problemas climáticos como a seca temperaturas elevadas e a geada que queimou aproximadamente 17% da área cafeeira do Brasil. “Teve muita gente afetada pela geada. Quando a gente pensa em 17% em números da safra, ele não é tão impressionante, mas quando a gente pensa em números de pessoas atingidas, o número é muito alto”, afirmna. 

O momento atual, no entanto, é favorável para o produtor de café, sobretudo para as relações de troca visando o custo da colheita e principalmente a gestão da próxima safra. “O produtor precisa olhar para mercado quando o mercado quer comprar e menos quando precisa vender. A gente precisa se planejar para isso e terminar o ano melhor”, afirma. 

DESAFIOS E OPORTUNIDADES 

Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, afirma que o Brasil precisa estar atento ao avanço dos negócios com outras origens produtoras, mas também com potenciais mercados como Ásia e Oriente Médio. 

“O café é muito sensível, mas nós podemos dizer que tem fatores positivos. O consumo do café na Ásia tem contribuído muito para consumo e a Cooxupé tem participado de uma maneira acima do previsto nessas regiões, como também no Oriente Médio. Enfim, a nossa expectativa é otimista, com números um pouco maiores, preços nesses patamares e um mercado muito justo de demanda e oferta”, afirma. 

A liderança também mencionou que a participação do Brasil no mercado de conilon é outro fator que coloca o país em outros patamares, apesar da cooperativa não operar com esse tipo de café e ser a maior do mundo em termos de recebimento e negociação de arábica. 

Para Luís Fernando Reis o resultado dos últimos anos são os estoques na mão do torrador no exterior que pode estar com o estoque mais baixo da história.

“Outros países que produzem café arábica estão com muitos problemas, mesmo no Vietnã que produz robusta não tem incremento na produção, então a gente tem que olhar todos os cenários. A gente tem uma postura muito positiva do lado do produtor e isso fortalece o mercado, mas a gente tem muitos problemas logísticos e é muito preocupante. Eu penso que tudo isso pode ser uma grande oportunidade para o café brasileiro, nós precisamos ter produção para atender a demanda mundial. Nós conquistamos os consumidores e agora a gente precisa produzir café para eles beberem”, afirma. 

O diretor comercial da Cooxupé acrescenta ainda que já se observa uma alteração nos blends. “Um novo cálculo e uma migração de café arábica nos blends porque os cafés robusta e conilon estão caros realmente. Está mais caro que o nosso café e isso já abre oportunidades, mas nós também temos café disponível para atender tudo isso nesse momento? Não sei. Acredito até que a própria indústria vai ter certa dificuldade. Todos esses fatores têm contribuído para esse mercado”, complementa. 

Osvaldo Bachião, acrescenta que entre as dificuldades para avançar na produtividade está nas políticas públicas existentes, sobretudo nas relações trabalhistas, problema que atinge todas as áreas do campo e também outras culturas. 

“O Brasil talvez esteja vivendo um momento que talvez seja de novo uma oportunidade para dar um passo gigante como foi dado nos últimos 30 anos, quando o Brasil e Colômbia produziam praticamente o mesmo número. Hoje o Brasil produz 60 milhões de sacas e a Colômbia está produzindo 10. Nós temos a oportunidade de produzir 80 milhões, o Brasil tem área para atingir 80 milhões, mas precisamos de política pública para nos ajudar e incentivo público para nos dar segurança. É possível aumentar a produção do Brasil em 25% com pouco esforço e tempo curto”, afirma. 
 

Fonte: noticiasagricolas

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