Conselho de classe se revolta com prêmio de “Economista do Ano” a Campos Neto


O Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP) se revoltou com o prêmio de “Economista do Ano” oferecido ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, pela Ordem dos Economistas do Brasil (OEB).

A cerimônia ocorreu no início da tarde desta sexta-feira (9). Na ocasião, Campos Neto fez referência às ações do Banco Central durante a pandemia e citou a “polarização política” como um dos obstáculos enfrentados pela sua gestão.

Em nota enviada à Gazeta do Povo, o Corecon-SP disse que esta foi a “primeira vez na história da premiação da OEB” que o prêmio foi dado a um “bacharel não registrado em nenhum dos conselhos regionais”.

“O Corecon-SP viu com estranheza a informação de que a Ordem dos Economistas do Brasil conferiu o prêmio de ‘Economista do Ano’ a um não-economista […] A questão é que a Lei 1.411/1951 e o Decreto 31.794/1952, protegendo a sociedade, determinam que só podem ser designados como economistas os bacharéis em Ciências Econômicas que sejam registrados no Conselho Regional de Economia que jurisdicione o seu domicílio ou local de trabalho”, diz um trecho da nota.

De acordo com o presidente do Corecon-SP, Pedro Gomes, o prêmio existe desde 1959 e nunca havia sido conferido a uma pessoa sem registro no Conselho.

“Assim como um bacharel em Direito só pode atuar como advogado após registrar-se na OAB, um contador no CRC, um médico no CRM, um engenheiro no CREA, igualmente a um bacharel em Ciências Econômicas só é permitido atuar como economista após registrar-se regularmente no respectivo Corecon”, afirmou Gomes.

“É estranho atribuir o título de ‘Economista do Ano’ a alguém que é apenas bacharel em Ciências Econômicas, nunca se registrou em qualquer dos Conselhos Regionais de Economia em cuja jurisdição atuou, portanto, ou jamais exerceu a profissão de economista ou a exerceu de forma ilegal”, completou.

Por fim, o presidente do Corecon alfinetou o presidente da OEA e garantiu que seu posicionamento contrário à premiação “não tem a ver com posições ideológicas ou de pensamento econômico”.

“Se o Presidente da Ordem dos Economistas do Brasil – que também não é economista, pois teve o seu registro profissional suspenso em decorrência de processo em que foi condenado pelo Tribunal de Contas da União – quer atribuir o prêmio de ‘Jurista do Ano’ ao seu advogado pessoal, nada temos a ver com isso. Mas se dizem que um não economista é economista, aí, por imperativo legal, teremos que esclarecer e agir”, finalizou Gomes.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB) para comentar sobre as declarações do presidente do Corecon-SP e aguarda retorno.

Fonte: gazetadopovo

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