Conheça as 5 fases da vida útil de um carro


O carro nada mais é do que um produto fabricado em grande escala por processos industriais que utilizam máquinas e equipamentos e segue padrões repetitivos e previamente definidos utilizando-se de técnicas e diversas tecnologias.

Neste contexto, o automóvel segue o ciclo de vida clássico de um produto industrial, com as devidas adaptações para a indústria automobilística, em que se destacam as seguintes cinco fases:

Trata-se do estágio no qual o projeto é construído, testado e validado, primeiro por computador e depois em tamanho real para os testes práticos, por meio das populares mulas e protótipos. O tempo de duração desta fase varia muito de empresa a empresa, bem como em função de determinadas situações de mercado.

Não é incomum atingir em torno de cinco anos, mas algumas fabricantes mais tecnológicas já conseguem reduzir este tempo para períodos próximos a três anos. É nesta fase que se define qual pacote será aplicado à plataforma do veículo: motorização, design, segmento, posicionamento de produto, equipamentos de série, opcionais, cores, entre outros.

Aqui, existe um vultoso investimento em marketing publicitário, treinamentos na rede de concessionárias e ações de comunicação e relações públicas, sob diferentes estratégias, com o objetivo de gerenciar a imagem e a reputação da marca e do produto, construir relacionamentos e atingir os objetivos de comunicação da marca estabelecidos para o produto.

Em geral, se o veículo é inteiramente novo (inédito ou uma nova geração), e não apenas uma simples reestilização, os primeiros compradores são, em sua maioria, os entusiastas da marca e as vendas são relativamente tímidas.

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O público em geral espera que o carro tenha atração com as avaliações dos especialistas em produto (e tem muita gente boa fazendo isso!), críticos e a própria maturação do produto, pois ainda existe aquela percepção de que carros recém-lançados oferecem um risco maior de dar problemas…

É uma imagem bem diferente da que tínhamos no passado, mas, de fato, geralmente alguns problemas aparecem mesmo nas primeiras unidades produzidas e são corrigidos posteriormente. A fabricante precisa estar atenta para gerenciar a reputação do produto nessa fase.

Com a consolidação da imagem do automóvel, as vendas passam a acelerar, pois nesta fase o produto já recebeu as devidas avaliações da imprensa e já se iniciaram as primeiras discussões nas mesas de bar entre os amigos.

Nesta fase, avaliações mais técnicas e específicas se tornaram ainda mais evidentes e, ao mesmpo tempo, as campanhas de vendas mais agressivas passam a aparecer mais atrativos aos compradores. O veículo ganha força comercial no segmento em que concorre.

É o período em que o veículo atinge seu ápice comercial. Pode haver mais de um momento nesta situação em que a guerra de preços ocorre, principalmente por intermédio dos incentivos comerciais.

Também percebemos esta flutuação do ápice nas mudanças de ano-modelo do produto — quando o modelo vira da linha 2025 para a linha 2026, por exemplo —, e é somente por este motivo que às vezes já temos veículos de ano-modelo seguinte mesmo ainda estando no final de janeiro! E isto, segundo a legislação brasileira, não é um problema.

Nossas leis são tranquilas a esse respeito e exigem apenas que:

Por tais motivos, os veículos pertencem sempre a anos-modelos como 2024/2025, 2025/2025 e 2025/2026, sendo impossível termos um veículo 2025/2027. Apenas lembrando que, nesta nomenclatura, a ordem é “ano de produção/ano-modelo”.

Outro ponto a se destacar é que, em fases preliminares ao declínio, o veículo passa por um rejuvenescimento de design, a chamada reestilização ou facelift de meia vida, com a ampliação de itens de tecnologia e muitas vezes um reposicionamento de produto, estratégia que dá sobrevida ao modelo sem a necessidade de se investir em um carro totalmente novo.

O desenvolvimento de um produto é algo oneroso e que, muitas vezes, atinge a casa do bilhão de dólares para ser realizado. Quanto mais o veículo desempenhar em vendas sem que haja investimento em uma troca de geração, melhor, mas sabemos que, com o nível de competitividade dos dias atuais, esta situação vem se tornando cada vez mais impossível.

É a fase final do ciclo de vida de um automóvel. O veículo já não passa a receber atualizações significativas, pois as vendas não justificam os investimentos, e as vendas passam a cair gradativamente ou mesmo despencar.

Com a menor demanda de público, as fabricantes investem menos na divulgação e apenas mantêm o veículo vivo até a sua substituição, seja ela parcial (pela reestilização) ou total, por meio da introdução de uma nova geração do mesmo modelo ou um sucessor direto.

Nesse momento, incentivos como bônus, taxas subsidiadas, trade-in ou mesmo o aparecimento de versões de entrada ou versões superequipadas, a preços competitivos, passam a aparecer. É o fim daquele veículo com o visual que estamos acostumados a ver nas ruas. E o ciclo se reinicia…

A reestilização, termo adaptado do inglês facelift (cirurgia plástica facial para rejuvenescimento), é uma atualização do visual que é praticada no meio do ciclo de vida do produto para sua adequação ao mercado podendo ser uma adequação mecânica, tecnológica ou mesmo mercadológica.

Frequentemente Sérgio Habib, um executivo do setor automobilístico, diz que a reestilização nada mais é do que certas mudanças secundárias. Ele costuma afirmar algo muito próximo a “olhem as portas do veículo. Se são iguais, é apenas uma reestilização. Se as portas mudaram, mudou o entre-eixos e, neste caso, é uma nova carroceria, um novo projeto e um novo produto”.

Ainda sobre o tema, um outro executivo do setor costuma dizer que a reestilização nada mais é do que a alteração da posição da placa da tampa traseira do veículo para o para-choque e vice-versa; obviamente é uma forma irônica de falar que é apenas um “tapa no visual”. Infelizmente, não me lembro do nome de quem costuma falar essa!

Além de mais simples, é bem menos oneroso alterar uma grade, faróis e/ou para-choques do veículo do que um veículo inteiro… Contudo, em alguns casos, a reestilização pode ser um pouco mais profunda, incluindo a atualização do capô, tampa do porta-malas e até o redesenho do painel central.

Uma reestilização acontece para manter vivo o veículo da marca. O mercado é dinâmico e quase todo mês temos um novo lançamento e novas tecnologias são lançadas ou aprimoradas. O processo de reestilização é a forma barata de manter o veículo competitivo no seu segmento de atuação.

São diversos os meios de omitir que um veículo esteja prestes a sofrer uma reestilização, processo, que, diga-se de passagem, é guardado a sete chaves pela indústria para evitar que seu veículo diminua as vendas ou sofra uma desvalorização excessiva. Escreverei mais adiante sobre este assunto.

Uma outra possibilidade para a reestilização diz respeito a ajustes de erros de projeto… O veículo passa pelas fases iniciais, mas nunca chega à etapa da maturidade. Erros de posicionamento de produto, design, qualidade, tecnologia, entre tantos outros, são corrigidos pela reestilização, a fim de evitar prejuízos financeiros enormes em função da interrupção da produção de um modelo antes que ele passe a contribuir positivamente para as finanças da fabricante.

No fim, tudo é uma questão financeira.

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Fonte: direitonews

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