A Volkswagen é a única fabricante instalada no Brasil a preservar um museu com carros antigos. São veículos de diferentes décadas que carregam a história da nossa indústria, como Kombi, Fusca, Variant, Brasília, Gol e — avançando no tempo — Santana, Golf, Fox e tantos outros. Mas há uma parte “secreta” neste acervo, com carros novos, que acaba de ser inaugurada. Autoesporte esteve lá para conhecer.
É uma área da Garagem Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP), dedicada a protótipos e conceitos. São carros que nunca chegaram às lojas — e um deles ficou guardado a sete chaves no acervo da engenharia por muitos anos. Autoesporte revela abaixo o que há de mais interessante por lá, de forma cronológica.
O BY teria sido o carro mais barato da Volkswagen no Brasil. Este protótipo foi criado em 1986 para antecipar o visual de um possível rival para o Fiat Uno. Sua dianteira é a mesma da família Gol, mas com traseira mais curta. E engana-se quem pensa que o BY era um hatch simples.
O pequeno Volkswagen tinha banco traseiro corrediço para aumentar o espaço dos joelhos dos passageiros ou até melhorar a capacidade do porta-malas. Alguns anos depois, este mesmo recurso estreou no Fox.
Outra vantagem técnica sobre o Gol é que sua suspensão traseira era a mesma do Voyage importado para os Estados Unidos com o nome Fox Sedan. Dessa forma, tinha pontos de ancoragem mais recuados para não invadir o espaço do bagageiro. Mas por que um carro tão legal e com soluções inteligentes nunca foi lançado? Três motivos levaram a isso: motor, limitações técnicas e custo de produção.
Projetado como rival do Uno, o BY ficaria muito caro com o motor AP 1600 do Gol — o hatch mineiro, vale lembrar, já era oferecido com versão 1.0 Fiasa em 1987. Além disso, a configuração do motor, com montagem longitudinal, requeria um cofre maior, o que tornava a traseira muito curta e desproporcional. Seria necessário adotar um propulsor transversal, como ocorria com o Uno.
Por fim, o custo para integrar bancos corrediços e a suspensão mais sofisticada seria elevado. Na mesma época, a matriz brasileira ainda precisou lidar com a criação da Autolatina, sua joint-venture com a Ford.
O Projeto BY foi arquivado deixando aquele gostinho de “e se?”. Todavia, podemos dizer que sua proposta foi reutilizada no Up nos anos 2010.
O Salão do Automóvel de 1996 ficou marcado pela apresentação de diversos conceitos. A VW se inspirou nos esportivos de DTM (o campeonato de turismo da Alemanha) para criar a Parati EDP — uma sigla para Engineering Design Prototype.
Era uma perua exagerada, com bodykit exclusivo, rodas BBS aro 17, saída de escape protuberante e os faróis arredondados que também marcaram presença nos carros de rali dos anos 90. De certa forma, sua roupagem tunada já trazia a vibe “Velozes & Furiosos”, filme que chegaria às telonas somente cinco anos depois.
No cofre abaixo do capô roncava o motor 2.0 AP com preparação semelhante à que a Audi utilizou no DTM. Entregava 200 cv de potência e 21 kgfm de torque, força suficiente para acelerar de 0 a 100 km/h em 7,4 segundos. Com o pé embaixo, o motorista poderia ver o velocímetro personalizado chegar a 230 km/h, sua velocidade máxima.
A Parati EDP foi apresentada como um carro de exibição, sem antecipar uma versão inédita da perua compacta. Após o Salão de 1996, permaneceu no galpão da fábrica da Anchieta por quase três décadas, e agora é exibida na Garagem Volkswagen.
O ano era 2010, e estudos da VW sinalizaram que a Saveiro havia caído no gosto dos entusiastas do tuning. Para atrair este público jovem, criou o conceito Saveiro Rocket, exibido no Salão do Automóvel de 2010.
A receita da picape era cheia de maldade: tinha motor 1.4 TSI de 140 cv e 25,5 kgfm, câmbio manual de seis marchas e tração dianteira. Infelizmente, não existem dados oficiais sobre sua aceleração até 100 km/h.
Seu bodykit foi pensado para melhorar a aerodinâmica e trazer a vibe de carro de competição. O santantônio integrado à carroceria trouxe a característica de um cupê. Para completar, as rodas aro 18 tinham freios a discos com um visual bem chamativo.
Por dentro, tinha bancos concha, revestimento de Alcantara, central multimídia e saídas de ar-condicionado estilizadas. Assim como a Parati EDP, a Saveiro Rocket nunca foi lançada como versão, mas alguns de seus elementos foram incorporados à Saveiro Cross anos depois.
A passagem da marca alemã pelo Salão do Automóvel de 2016 foi apagada. Apresentou a Amarok com motor V6, novas versões para Gol, Up e CrossFox e também alguns conceitos — quase todos reaproveitados de salões internacionais. Também foi relevada a segunda geração do Tiguan, que chegaria ao Brasil só dois anos depois.
Um conceito brilhou mais que os outros. Tratava-se do Gol GT Concept, um protótipo baseado no hatch e que trazia sob o capô motor turbinado 1.0 TSI flex na mesma configuração já empregada no Golf, que tinha 125 cv e 20,4 kgfm.
Por fora, trazia todos os elementos exagerados já comuns aos carros conceito, como novas rodas, luzes de LED e grandes tomadas de ar. Mas o Gol GT Concept é outro carro bacana que, infelizmente, nunca foi lançado.
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Fonte: direitonews