Como é feito o congelamento de óvulos?
O procedimento começa com o uso de medicações hormonais injetáveis e orais para estimular os ovários e induzir a ovulação. Em um ciclo menstrual normal, somente um óvulo da reserva ovariana ficará maduro e apto para a fecundação. Os demais são descartados (são cerca de mil óvulos perdidos por mês!). No caso da indução feita pela estimulação hormonal, o objetivo é que mais folículos se desenvolvam, permitindo, assim, a maturação de vários óvulos de uma vez.
Os hormônios são tomados a partir do segundo ou terceiro dia da menstruação durante 10 a 12 dias. Nesse período, a mulher passa por ultrassonografias que vão acompanhar a maturação dos óvulos. Quando o médico julgar que eles estão em tamanho adequado, ele agenda para dali a 36 horas a coleta desses óvulos, feita por meio de um ultrassom endovaginal acompanhado de uma agulha bem fina que aspira os óvulos. Nesse procedimento, a mulher recebe uma anestesia leve. Após a aspiração, os óvulos são congelados.
Para quem o congelamento de óvulos é recomendado?
O congelamento é recomendado para mulheres em tratamento de alguma doença cujas medicações podem prejudicar a fertilidade, como a quimioterapia em pacientes com câncer, e também para pessoas que estão na faixa dos 35 anos que planejam ter filhos, mas que não pretendem engravidar em um futuro próximo.
É possível saber como está minha reserva ovariana?
Alguns exames indicam como está a sua reserva ovariana. Os três principais são dosagem dos hormônios anti mulleriano e folículo-estimulante (FSH), ambos de sangue, e ultrassonografia transvaginal para contagem de folículos antrais, que são onde os óvulos se desenvolvem. Para a realização de alguns desses exames, o médico pode recomendar a interrupção do uso de pílula anticoncepcional porque ela pode influenciar os resultados. É fundamental que a mulher passe por esses exames antes de realizar o congelamento de óvulos. Somente com esses resultados em mãos, o médico e a paciente poderão avaliar se o procedimento vale a pena.
Qual é a melhor idade para congelar óvulos?
Médicos recomendam que o congelamento de óvulos seja feito antes dos 35 anos porque é quando a mulher ainda tem uma boa reserva ovariana, com óvulos em maior quantidade e melhor qualidade. A partir dos 35 anos, essa reserva começa a cair de forma mais expressiva. Apesar disso, os médicos ressaltam que, até os 37 anos, a paciente ainda costuma ter uma resposta satisfatória à estimulação ovariana. Embora não haja um limite para a realização do congelamento de óvulos, a partir dos 42 ou 43 anos, alguns médicos não recomendam o procedimento porque o número de óvulos coletados a cada ciclo é muito baixo e a taxa de gravidez com uso desses gametas é mais baixa.
De qualquer forma, a resposta de cada mulher pode variar mesmo com a mesma idade. Por isso, é importante que a paciente passe por exames para avaliar sua reserva ovariana. Caso ela já tenha passado dos 42 anos e não consiga uma boa resposta com a estimulação, uma opção para engravidar é a utilização de óvulos doados.
Quanto custa congelar os óvulos?
Os custos variam de acordo com a clínica, a equipe e a quantidade de medicação necessária, que varia conforme a idade, o peso e outras condições clínicas da mulher. Em média, o custo de cada ciclo de estimulação ovariana para congelamento vai de R$ 15 mil a R$ 25 mil. Além disso, a paciente precisa pagar uma taxa anual para manter os óvulos congelados, que fica em torno de R$ 1 mil por ano. Importante lembrar ainda que, posteriormente, quando a mulher decidir usar os óvulos para tentar engravidar, ela obrigatoriamente terá que fazer uma fertilização in vitro (FIV), adicionando um custo de mais R$ 10 mil a R$ 15 mil no processo.
Quantos óvulos são congelados por ciclo de estimulação?
Esse número depende de cada mulher e da idade em que ela passou pelo congelamento. De acordo com especialistas, o número ideal de óvulos que devem ser congelados é de 15, mas, a partir de oito óvulos, já é considerado um resultado satisfatório. No entanto, a média de óvulos congelados é de 10 a 12 entre os 35 e 37 anos; oito entre os 38 e os 39 anos; seis dos 40 aos 42, e três a quatro óvulos entre mulheres com mais de 42 anos.
Quanto tempo dura um óvulo congelado?
Não há limite de tempo para que os óvulos sejam mantidos congelados. Com a técnica atual de congelamento, chamada de vitrificação, eles podem ser mantidos por muitos anos ou até décadas até serem usados. É importante ressaltar, no entanto, que o adiamento da gravidez, mesmo que ocorra com óvulos “mais jovens”, pode trazer riscos à mulher. A partir dos 40 anos, a gestante tem maior chance de desenvolver problemas como pré-eclâmpsia (pressão alta durante a gravidez) e diabetes gestacional.
Como o óvulo congelado é usado para engravidar?
Para que o óvulo congelado possa ser usado em uma futura gravidez, a mulher deverá passar por uma fertilização in vitro (FIV), ou seja, o óvulo deverá ser descongelado e fertilizado com os espermatozoides do parceiro ou de um doador (no caso de produção independente). Em seguida, o embrião é implantado no útero da mulher.
Quais são os riscos de congelar óvulos?
No processo de indução da ovulação, há algumas mulheres (cerca de 3%) que podem ter uma resposta exagerada dos ovários, com o desenvolvimento de mais de 30 óvulos, caracterizando a síndrome da hiperestimulação ovariana, que pode levar a complicações como acúmulo de líquido no abdômen ou tórax e desconforto respiratório. A maioria dos casos é controlada com medicações e sem necessidade de internação.
No procedimento de coleta dos óvulos, também há risco pequeno de sangramento e infecção. Além disso, durante a estimulação do ovário, a mulher pode sentir inchaço, maior irritabilidade e desconforto abdominal por causa da injeção de hormônios, mas esses sintomas regridem espontaneamente alguns dias depois da coleta dos óvulos.
Tem como congelar os óvulos pelo SUS?
Algumas unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), como o Hospital Estadual Pérola Byington, em São Paulo, oferecem o serviço, mas geralmente voltado para pacientes com câncer que, por causa da remoção de órgãos reprodutores ou do tratamento com medicações que prejudicam a fertilidade, como a quimioterapia, realizam o congelamento.
O plano de saúde cobre o congelamento de óvulos?
Não, o procedimento não está no rol de procedimentos cobertos pelas operadoras de saúde. Alguns casais buscam o custeio pelo plano por meio de ações judiciais, mas não há um entendimento consensual da Justiça sobre o tema.
Congelar óvulos diminui a chance de engravidar naturalmente?
Não, a cada ciclo de estimulação ovariana para congelamento de óvulos, o que os hormônios fazem é maturar óvulos que seriam perdidos naturalmente naquele ciclo menstrual. Os óvulos coletados no procedimento seriam, portanto, descartados pelo organismo de qualquer forma. Assim, o congelamento não compromete a reserva para os próximos meses nem dificulta a gravidez natural.