Comseg: audiência em Criciúma destaca preocupação com a saúde mental


A preocupação com a saúde mental de alunos e professores foi um dos pontos mais destacados pelos participantes da audiência pública realizada na tarde desta quinta-feira (29), em Criciúma, pelo Comitê de Operações Integradas de Segurança Escolar (Comseg Escolar). O encontro, realizado no Auditório Ruy Hülse, no campus da Unesc, ouviu a comunidade do Sul do estado sobre as ações necessárias para a prevenção da violência nas escolas.

O alerta foi feito inicialmente pelo promotor da Infância e da Juventude de Criciúma, Marcos de Martino, e corroborado por outros participantes. “Conversando com muitos professores, percebo que estão no limite de suas forças”, comentou.

A gestora escolar Miriane Caetano acredita na necessidade de atendimento terapêutico também para os estudantes. “Como está a saúde mental de nossos alunos? Muitos estão depressivos, com ansiedade, pensam em suicídio”, afirmou.

A diretora escolar Adlaine Macarin alertou para a necessidade de ações práticas voltadas à saúde dos professores. “Estamos cansados, esgotados e precisamos de ajuda”, disse. “Entendemos que a educação é sim a chave para mudar essa sociedade que, como já foi dito, está doente.”

A conselheira do Conselho Regional de Psicologia, Sandra de Barros de Souza, cobrou a aplicação da lei federal que trata da contratação de psicólogos e assistentes sociais para as escolas públicas. Ela também destacou a necessidade de ações voltadas à saúde mental.

A coordenadora regional da Secretaria de Estado da Educação (SED), Ronise da Silva Guimarães, destacou que os professores, na maioria das vezes, têm que desempenhar funções que deveriam ser de responsabilidade de pais e mães. “Nós professores muitas e muitas vezes nos desdobramos para fazer o papel da escola e da família a escola está sobrecarregada”, afirmou. “Se tem um caminho que vai fazer o nosso aluno ter um futuro promissor, é a educação.”

Mais manifestações
A vereadora Giovana Mondardo, de Criciúma, defendeu a construção de uma cultura de paz dentro das escolas que combata o bullying e todas as formas de preconceito que são a realidade de muitos jovens. Da mesma forma, o vereador Jair Anastácio, de Araranguá, alertou para os perigos da “cultura do ódio e da intolerância que assolam o país.”

A professora Elisângela Bianco, que é gestora escolar em Cocal do Sul, pediu investimentos na segurança das unidades escolares e também destacou a necessidade de “trazer as famílias para dentro da escola.”

A diretora do Colégio Unesc, Marcela Gava, apresentou o Projeto Acolher, desenvolvido pela escola em que é gestora, em parceria com o curso de Psicologia da universidade. A iniciativa consiste na escuta sensível e acolhedora dos estudantes, que busca fortalecer a identidade cultural e enriquecer o trabalho desenvolvido pela escola.

Morgana Wepers, mãe de aluna de Forquilhinha, apontou como problemas a falta de estrutura e de pessoal nas escolas públicas. Defendeu que a polícia seja bem equipada, com investimentos em inteligência para coibir grupos extremistas que aliciam os jovens para ações violentas. Victor Daniel, familiar de uma estudante de Meleiro, também pediu investigações e ações educacionais para evitar que os jovens sejam cooptados por grupos de ódio que agem na internet.

Jucélia Vargas alertou para a necessidade de investimentos na qualidade da educação pública, com melhorias na infraestrutura e valorização dos professores. “Não é falando de armas que vamos acabar com a violência. Quem fala de armas, não quer paz, quer guerra.”

A reitora da Unesc e presidente da Acafe, Luciane Ceretta, sugeriu a criação de um comitê multi-institucional para discutir ações de prevenção à violência escolar em nível regional. “Esse comitê vai buscar as soluções desenvolvidas de forma isolada para analisar o que ocorre na nossa região e, a partir disso, construir proposições para políticas públicas ou institucionais. ”

Participações
Também participaram da audiência o juiz da Vara da Infância e da Juventude de Criciúma, Daniel Vitor; o presidente da Câmara de Vereadores de Criciúma, Salésio Lima; o comandante regional da Polícia Militar da 6ª região, tenente-coronel Vilson Sperfeld; e o delegado regional da Polícia Civil em Criciúma, André Milanese.

A Alesc foi representada pelo seu presidente e coordenador do Comseg Escolar, deputado Mauro de Nadal (MDB), e pela deputada Luciane Carminatti (PT), presidente da Comissão de Educação da Assembleia e membra do Comseg.

Nadal, que conduziu a audiência, ressaltou que a maioria das sugestões apresentadas durante as audiências macrorregionais do Comseg vai ao encontro de projetos que estão em tramitação no Parlamento estadual. “Percebe-se também uma presença muito forte com a saúde mental do professor que está em sala de aula”, destacou.

Já Luciane destacou que a escola não é o problema, mas, sim, a solução para os problemas. Mas para isso, são necessários investimentos em infraestrutura, valorização dos profissionais da educação, promoção da justiça restaurativa no ambiente escolar, entre outras ações.

Marcelo Espinoza
Agência AL

Fonte: alesc.sc.gov

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