Comprar carro que foi mal em teste de segurança não é problema para o brasileiro


Nos últimos anos, carros de muito volume de venda foram mal nos testes de segurança do Latin NCap. Recentemente, o Citroën C3 zerou a avaliação e o resultado foi considerado “vergonhoso” pelo órgão avaliador.

O hatch foi avaliado antes da metade do mês passado, mas as vendas não foram afetadas, uma vez que os emplacamentos aumentaram de junho para julho. Porém, o C3 não está sozinho nessa.

Autoesporte relembra alguns modelos testados na atual regra de aferições do Latin NCap que receberam notas baixíssimas e não tiveram queda nas vendas posteriormente, com exceção de um carro. Os números mostram que um carro que foi mal nos testes de segurança não é um impeditivo para muitos brasileiros fecharem negócio.

É preciso ressaltar que o Latin NCap é uma entidade independente e que as normas de segurança para os veículos são definidas pelos governos de cada país. Entretanto, também é preciso dizer que esses testes são de extrema importância para as fabricantes, seja para o bem ou para o mal. Os números de vendas são da Fenabrave, associação que representa as concessionárias.

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Vamos começar pelo caso mais recente. Fabricado em Porto Real (RJ), o hatch compacto teve pior resultado na proteção para crianças, atingindo apenas 5,93 pontos, o que representa 12,1% do total. Para passageiros adultos, a pontuação foi de 12,21 (30,52%), 23,88 (49,74%) para pedestres e outros usuários vulneráveis da estrada e 15 (34,88%) para sistemas de assistência à segurança.

Segundo a entidade, a classificação de zero estrela para o C3 se deve “à estrutura instável, à fraca proteção contra colisões frontais, à falta de proteção lateral para a cabeça e à falta de lembrete de uso do cinto de segurança”.

Certamente foram dias turbulentos dentro da Citroën do Brasil em julho, mas, nas concessionárias, não. Se em junho o C3 vendeu 2.930 modelos, os emplacamentos saltaram para 3.030 carros em julho, portanto, não houve efeito negativo: subiu 3,4%. Lembrando que o mês de julho tem 31 dias e os testes foram realizados no dia 13, ou seja, o carro ficou à venda quase 20 dias após os testes.

Mas, se você acha o resultado muito recente e quer esperar o mês de agosto para ver se tem algum efeito, vamos com outros exemplos para ter mais margem para análise.

Em dezembro de 2021, o órgão levou o Cronos para uma bateria de avaliações, que incluiu testes de impacto frontal, impacto lateral, chicotada cervical (whiplash) e proteção de pedestres. Dos 100%, o sedã compacto atingiu 24% em proteção para adultos, 10% para crianças, 37% para pedestres e apenas 3% nos sistemas de assistência à segurança. O fraco desempenho rendeu zero estrela para o carro.

O teste foi realizado no dia 3 de dezembro, portanto, o carro ficou praticamente um mês à venda após zerar nos testes. O resultado? Em novembro anterior o Cronos emplacou 3.545 carros, já em dezembro, curiosamente, as vendas dispararam e foram para 4.535 emplacamentos, praticamente mil unidade à mais, ou 27,9%.

O Renault Duster foi avaliado em 2021 e saiu de quatro estrelas – dos testes feitos em outubro de 2019 – para zero estrela, devido às mudanças de critérios do Latin NCap. Na nova avaliação, o utilitário obteve notas baixas em quase todos os aspectos. A proteção para passageiros adultos ficou em 29%, para crianças em 23% e para pedestres, 51%.

O teste foi feito em agosto, no dia 27, portanto, não temos margem para dizer que houve influência naquele mês que o SUV vendeu 945 carros. Em setembro, mês completo após o Duster zerar, o modelo emplacou 1.056 unidades (+ 11,7%) e as vendas seguiram subindo consideravelmente: 1.408 em outubro – 49% a mais do que agosto.

Outro que zerou nos testes foi o Chevrolet Onix, no dia 11 de maio 2017. O exemplo é mais antigo, entretanto, o hatch era o carro mais vendido do Brasil na época. Em abril, as vendas foram de 12.688 unidades e em maio elas saltaram para 15.007, ou 18,3% a mais.

Em junho, um mês após o ocorrido, houve discreta queda para 14.922 (- 0,5%), mas em julho o Onix já recuperou e bateu 15.234 vendas (+2,1%). O modelo fechou 2017 como o carro mais vendido do Brasil.

Outro exemplo de veículo mais vendido do Brasil, a Strada deixou a desejar no teste realizado em 2022 e recebeu uma das cinco estrelas possíveis. O órgão considerou a estrutura da Strada como “instável”, incluindo a área dos pés. Além disso, alertou que os airbags laterais têm tamanho reduzido e não foram acionados de forma correta.

Embora a nota seja válida para as versões de cabine simples e dupla, as configurações não tiveram o mesmo desempenho por categoria. Assim, a versão com cabine simples alcançou 47,47% de proteção para ocupante adulto, 22,08% para crianças, 40,23% na proteção de pedestres e usuários vulneráveis e 41,86% em relação aos sistemas de assistência à segurança.

Já a versão de cabine dupla foi pior na proteção de adultos, com 41,39%, igual no índice de proteção a pedestres, com 40,23%, e melhor ao proteger crianças, 52,96%, e nos sistemas de assistência à segurança, com 48,84%.

O teste aconteceu no dia 20 de outubro e naquele mês a picape vendeu 8.040 carros, já em novembro, mês completo após os resultados negativos, a Strada licenciou 9.236 exemplares; 14,9% superior. Em dezembro houve ligeira queda — menos de 100 carros — para 9.166 (- 0,7%).

Para fechar a lista está o Fiat Argo que passou pelo mesmo teste que o Cronos, no mesmo dia e teve a mesma nota: zero estrela. Este foi o único caso em que as vendas caíram.

Em novembro o hatch vendeu 6.340 carros e em dezembro despencou para 4.509, ou seja, quase 2 mil unidades ou 28,9% a menos. Em janeiro, normalmente o pior mês de vendas do ano, o Argo emplacou 2.676 carros. A partir de fevereiro começou a retomada com 4.376 vendas.

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Fonte: direitonews

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