Completando dez anos em 2024, Janeiro Branco traz o dístico “Saúde mental enquanto há tempo”


Nascido
em 2014, em Uberlândia, no Triangulo Mineiro, o Janeiro Branco, que
enfatiza a importância da saúde mental, propaga, em 2024, o lema
“Saúde mental enquanto há tempo! O que fazer agora?”. Junto com
a campanha nacional, o Departamento de Saúde Mental da Secretaria
Municipal de Saúde (SMS) comemora os dez anos do movimento
intensificando suas ações neste mês, já que, segundo o
coordenador do setor, o psicólogo Douglas Vargas, as práticas para
promover a saúde da mente estão disponíveis à população a
qualquer momento.

“Existem
algumas previsões no campo da saúde mental de que os transtornos
mentais seriam o mal deste século, fruto das mudanças rápidas de
hábitos da população. Nas últimas décadas acompanhamos mudanças
na forma como as pessoas se comunicam, as relações ficaram muito
mais mediadas por meios tecnológicos do que antes. Hoje pessoas de
todas as faixas etárias ficam muitas horas ao dia nas redes sociais.
Até mesmo os campos de trabalho mudaram por impacto das tecnologias,
além do transtorno de nível global, que foi a pandemia, que
influenciou
a socialização de crianças e adolescentes nas escolas. A
relação de ensino e aprendizagem
afetou a
população do mundo todo que,
de acordo com a situação
socioeconômica de cada grupo, passou a ter mais ou menos suporte
para o desenvolvimento de suas atividades durante os anos
pandêmicos”, comenta o coordenador.

Ele
aproveita para avaliar o panorama atual de Rondonópolis: “Assim
como todas as sociedades, a rondonopolitana é fruto das mudanças,
das informações, das desinformações e das peculiaridades da época
em que vive. Com o intuito de refletir e impulsionar transformações
dentro da temática da saúde mental, organizamos ações alinhadas
com a Campanha do Janeiro Branco 2024”.

Douglas
ainda complementa: “Nos meses de campanha, como o Janeiro Branco e
o Setembro Amarelo, que foca na prevenção ao suicídio, ações
como palestras e panfletagens em espaços públicos são reforçadas.
Neste ano, serão realizadas atividades em empresas, nos Cras, na
Coder, no auditório da Prefeitura e em unidades de saúde,
abrangendo tanto usuários dos serviços públicos, quanto
servidores. Mas durante o ano todo temos atividades de saúde mental
em mutirões, escolas e empresas. Os Caps ad e Infantojuvenil, além
das consultas e terapias nessas unidades, realizam matriciamento nas
unidades básicas de saúde, atendimentos domiciliares, quando
necessário, e possuem cronograma semanal ou quinzenal em
instituições como cadeia feminina e Aldeia Tadarimana, sempre com o
intuito de promover psicoeducação, ofertar informações sobre
saúde mental, serviços disponíveis e dar os devidos
encaminhamentos para os tratamentos que forem necessários. O
matriciamento ocorre
quando
os Caps orientam as equipes da atenção primária para o
acompanhamento dos casos de saúde mental”.

ASSUNTO
TABU

Não
é castigo. Não é falta de Deus. Não é frescura, nem tampouco
outros rótulos que invalidam e desmerecem alguém quando relata
desânimo, tristeza, desesperança entre outros sinais que
possam preconizar uma
eventual depressão.
Posturas
preconceituosas acabam inibindo indivíduos que percebem que algo não
vai bem com sua saúde mental
de compartilharem o que está se passando consigo e buscarem ajuda
por medo de serem julgados
e culpabilizados.

“A
saúde mental ainda é cercada de muitos tabus, valores religiosos e
até morais. Ainda se ouve bastante associar o conceito de
‘frescura’, ou ‘falta de Deus’ diante de um quadro
depressivo, por exemplo. Atribui-se também a ideia de fraqueza e
outros tantos termos depreciativos, que comprovam que, embora se fale
tanto sobre esse tema há tantos anos, ainda não existe uma
compreensão de grande parte da população sobre o funcionamento da
mente e comportamentos como uma expressão de saúde ou desequilíbrio
desta. As causas da depressão podem ser genéticas, ambientais,
bioquímicas ou a soma delas”, observa o psicólogo.

É
preciso atentar para alguns ranços ainda bem comuns na sociedade
atual. “O preconceito está no fato de não se compreender os
processos mentais e a expressão deles, que são as emoções e os
comportamentos, como um aspecto de saúde
impactado pos
hábitos preventivos. A falta de consciência de que existe
uma correlação entre pensamentos e emoções como fatores que
interferem na saúde faz com que as pessoas deixem de adotar medidas
para manter o equilíbrio e o bem-estar negligenciando hábitos
preventivos e se descuidando de um modo geral”, alerta o
coordenador.

Sobre
esse quesito, Douglas indica que há várias atitudes que podem
ajudar a preservar a saúde mental: “Existe uma grande quantidade
de conteúdo hoje acessível à maioria da população nas redes
sociais sobre como promover saúde mental, como exercícios físicos,
hábitos alimentares saudáveis, sono de qualidade e lazer. Mas ainda
assim vemos crescentemente a demanda por tratamentos, principalmente
o medicamentoso. Provavelmente quem está lendo esta matéria agora
faz, já fez ou conhece alguém que faz uso de uma medicação para
melhorar o sono, estabilizar o humor, tratar depressão, ansiedade ou
uma oscilação entre ambos. Podemos concluir que o aumento no uso de
fármacos expresse o fato de que os hábitos preventivos não estejam
sendo praticados como deveriam”.

MEDIDAS
PROFILÁTICAS

Para
evitar que o desequilíbrio psicoemocional se instale ou agrave, é
preciso adotar uma rotina rica de estímulos positivos e que seja
capaz de blindar o indivíduo de uma pane mental. É importante,
também, estar atento à frequência dos seus indícios e sua
intensidade para procurar, enquanto há tempo, como alerta o slogan,
ajuda de profissionais especializados.

Após
uma década, o Janeiro Branco tem muito para celebrar. Ganhou ruas de
Uberlândia, depois saiu de Minas Gerais e ganhou o Brasil – onde,
em variados municípios, foram criadas leis municipais em alusão à
data e, em seguida, ganhou proporção maior, quando leis estaduais
foram instituídas sobre o assunto em diversos estados. Até que, em
abril de 2023, foi sancionada a lei federal 14.556/23, que estabelece
em todo território nacional a Campanha Janeiro Branco para promoção
da saúde mental.

Hoje,
a mobilização deixou de ser exclusiva ao primeiro mês do ano e se
tornou o Instituto Janeiro Branco, que se dedica à causa por meio de
palestras, entrevistas, caminhadas, abordagens de pessoas nos mais
diversos locais – ruas, shoppings, hospitais, igrejas, empresas,
entre outros –, workshops, oficinas, cursos e rodas de conversa
para conscientizar o público sobre a importância de cuidar da saúde
mental e construir relações humanas e uma vida melhor
para todos de janeiro a janeiro.

Idealizador
do Janeiro Branco, o uberlandense Leonardo Abrahão, psicólogo,
professor, escritor e presidente do Instituto Janeiro Branco indaga
e, ao mesmo tempo, responde: “A campanha só acontece em janeiro.
Significa que de fevereiro a dezembro saúde mental não tem
importância? Não. O janeiro é justamente para lembrar da
importância e passar de fevereiro a dezembro fazendo algo,
levantando discussões, lembrando da temática”. Já a psicóloga e
psicanalista Valéria Ribeiro, que é vice-presidente da instituição,
afirma que informações salvam vidas. Ao concordar com os colegas de
profissão, Douglas aproveita para acrescentar: “Informações
ajudam a criar hábitos e comportamentos”.

Reforçando
essa ideia, o psicólogo da SMS enfatiza: “Uma das ferramentas de
que se pode lançar mão para a prevenção é a informação”. O
coordenador também assinala: “Não é preciso ser especialista
para observar que, mesmo com tantas facilitações das atividades
diárias trazidas pelas tecnologias, nos tornamos uma sociedade
apressada, sem tempo. Embora haja comunicação constante através
das redes sociais, as pessoas têm apresentado dificuldades em se
relacionar e gerir conflitos interpessoais”.

A
partir dessa problemática contemporânea, Douglas sugere algumas
formas de prevenção como reduzir tempo de uso de telas, praticar
exercícios físicos, meditativos e de respiração, buscar vínculos
interpessoais saudáveis tanto no trabalho quanto em casa e, ainda,
realizar consulta psicológica periódica para avaliar mudanças de
padrões de pensamentos, emoções e comportamentos que estejam
causando desconforto ou sofrimento para si ou terceiros.

CENÁRIO
LOCAL

Independente
do contexto ou da classe social a que se pertença, é possível a
cada um analisar estímulos positivos e negativos que o aflija e
programar mudanças. “Por vezes, a saúde mental pode estar sendo
prejudicada por um relacionamento amoroso, relações de trabalho,
frustrações na carreira, assédio de todo tipo, violências e
outros tantos motivos dos quais a pessoa pode se livrar em algum
momento ao adquirir novos comportamentos que melhorem o estado de
desconforto”, cita o psicólogo.

Rondonopolitanos
não estão imunes aos problemas que atingem o resto do planeta,
conforme descreve Douglas: “Sem dúvida, Rondonópolis reflete um
panorama mundial dos agravos de saúde mental característicos de
populações com crescimento populacional e industrial rápido, que
são os quadros de ansiedade e depressão, bem como os de sofrimentos
decorrentes de dependência de álcool e ou outras drogas”.

Ao
extrapolar janeiro, o branco da campanha colore todos os meses do ano
também na cidade. Assim, ninguém precisa
ter medo ou vergonha de pedir apoio se estiver observando
desequilíbrio em sua saúde mental e
pode buscar ajuda no Centro
de Atenção Psicossocial (Caps) Infantojuvenil, que fica na Rua
Treze de Maio 340, Vila Aurora e atende pelo 9 8421-0241. Outras
opções são o Caps Álcool e Drogas (Caps ad) localizado na Rua
Bochnia 440, Jardim Belo Horizonte, com telefone 9 9205-4115 e o Caps
Paulo de Tarso, que se encontra na Rua Nogueira 178, Jardim Belo
Horizonte e disponibiliza o número 9 8412-1224. Há ainda o
Ambulatório de Saúde Mental (Ament), cujo endereço é Rua Otávio
Pitaluga 2.974, Jardim Monte Líbano e que pode ser contatato pelo 9
9697-8630 e, ainda, o Ambulatório Viva que está na Avenida Casemiro
de Abreu 355, Jardim Monte Líbano e pode ser acionado pelo 9
9691-6166. Todos esses locais funcionam de segunda a sexta-feira, das
7h às 11h e das 13h às 17h.

Caso
haja urgência no atendimento, a pessoa pode entrar em contato com o
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pelo 192 ou com o
Centro de Valorização da Vida (CVV) pelo 188, que funcionam por 24
horas, todos os dias da semana. “É importante destacar que somente
para consulta psiquiátrica é necessário o encaminhamento da
unidade de saúde. Fora isso, tanto nos ambulatórios de saúde
mental, quanto nos Caps o acolhimento é porta aberta por ordem de
chegada”, orienta o coordenador.

Clique
aqui para conferir a programação do Janeiro Branco 2024 em
Rondonópolis.

Fonte: mt.gov.br

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