Comparativo: novo Nissan Sentra consegue superar o líder Toyota Corolla?


Toyota Corolla e Nissan Sentra não dividiam o segmento de sedãs médios desde meados de 2021, quando a geração anterior do Nissan saiu de linha no Brasil. Nesse tempo, vencemos a pandemia do coronavírus, a Argentina voltou a ser campeã mundial e Taylor Swift finalmente veio ao Brasil.

Na nossa dupla de protagonistas, o Corolla precisou dividir o papel de menina dos olhos da Toyota com o SUV Corolla Cross. Nos últimos dois anos, eles ficaram praticamente empatados nas vendas, com uma vantagem de poucas centenas de exemplares a favor do sedã. Já o Sentra, que na geração anterior se autoproclamava um carro para quem não é tiozão, adotou um estilo ainda mais arrojado. Mesmo assim, é difícil imaginar alguém com menos de 45 anos cogitando comprar um.

O segmento também mudou nesse período. E encolheu. Nas vendas, 28,2% menos emplacamentos que em 2021. Na representatividade, encolheu também. Kia Cerato e Chevrolet Cruze terão em 2023 seu último ano de vida. O Volkswagen Jetta resiste em versão única, esportiva. O Honda Civic tomou rumo semelhante, adotou motorização híbrida e encareceu.

Outras coisas, porém, não mudam. A nova geração do Sentra segue hablando espanhol, importado do México, e usa motor 2.0 aspirado. Já o Corolla não abandonou o padrão mais conservador. E, até por isso, continua dominando a categoria. Quase oito de cada dez sedãs médios vendidos no Brasil são Corolla. Mas será que a voz do povo é a representação do que há de melhor no escasso segmento? Resolvemos colocar a recém-lançada linha 2024 à prova em um confronto com o Sentra, atualizado meses antes.

Os dois chegam nas versões topo de linha Corolla Altis Hybrid Premium e Sentra Advance. E o preço parece ser proporcional ao tamanho do nome. A Toyota pede R$ 198.890 por esse Corolla. Se a pintura for metálica, como o cinza Celestial do exemplar das fotos, o preço vai a R$ 200.910. A etiqueta do Nissan é consideravelmente mais baixa: R$ 174.990 na cor preta ou R$ 178.090 com carroceria em dois tons.

Embora a diferença de preços passe de R$ 20 mil, o Corolla é só um pouco mais bem equipado que o rival, apesar de levar vantagem exatamente em deslizes do concorrente. A central multimídia do Sentra é menor (8 polegadas contra 9) e não dispõe de conexões Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Até por isso, a Nissan se viu desobrigada de incluir um carregador de celular por indução no console.

Se você reparar bem, também vai notar que não há alavanca de freio de mão ou botão para o acionamento eletrônico. Em vez disso, um pedal posicionado no assoalho deve ser pressionado com o pé, uma solução obsoleta. O Corolla foi pelo caminho mais comum (e barato), com a alavanca. Em outros mercados, existe a opção de freio de mão eletrônico, então a Toyota também merece um puxão de orelha.

Em espaço interno, Corolla e Sentra ficam parelhos, seja na ficha, seja na percepção. O Nissan vai melhor por oferecer bancos mais confortáveis, mas só o Toyota tem saída de ventilação na traseira. Quanto ao porta-malas, dois compartimentos de respeito. O Corolla tem pequena vantagem: 4 litros a mais. Se você comprar um Sentra, terá de deixar duas garrafas de refrigerante no supermercado.

Porém, é bem provável que essa chateação fique de lado quando um desconhecido elogiar o design. Nem parece, mas as atuais gerações de Sentra e Corolla foram lançadas no mesmo ano, 2019. Sim, a Nissan levou quatro anos para trazer o sedã para o Brasil. E o Sentra já tem data para mudar: um facelift deve pintar em 2024. Só que nem à beira da reestilização o desenho dá sinais de cansaço. Por dentro, a mistura de couro caramelo e painel preto pode não ser unânime, mas me agradou.

Hora de colocar os dois sedãs em movimento. No Corolla, isso acontece de forma silenciosa, movido pelo motor elétrico de 72 cv e 16,6 kgfm. Conforme a velocidade (ou a pressão no pedal) aumenta, entra em ação o 1.8 aspirado de 101 cv e 14,5 kgfm. Sim, o Corolla é um híbrido. O primeiro flex do mundo. O sistema combinado entrega 122 cv.

A antítese desse sistema deveria ser o motor 2.0 aspirado que equipa o Sentra. Sem auxílio de turbo ou eletrificação, são extraídos 151 cv e 20 kgfm. Usei o termo “deveria” na frase anterior porque o sedã da Nissan se mostrou mais competente do que o conjunto mecânico do rival, seja em consumo, seja em desempenho.

Em nossa pista de testes, o Sentra foi 3 segundos cravados mais rápido que o Corolla na aceleração de zero a 100 km/h, cumprindo a prova em 9,8 s. O cenário se repetiu nos demais ensaios de desempenho e frenagem. E, surpreendentemente, não foi tão mais gastão.

Segundo o Inmetro, o Sentra faz 11 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada, contra 18,5 km/l e 15,7 km/l do rival. Em nossas medições do Corolla, os números foram até melhores, chegando a quase 19 km/l na estrada. Porém, a comparação não é justa, afinal o Corolla estava abastecido com etanol.

Para além dos números, o Sentra é um pouco mais confortável. Ao trocar o eixo de torção da geração anterior pela arquitetura multilink na suspensão traseira, a Nissan se equiparou ao concorrente. Mas com isolamento acústico reforçado e um ótimo gerenciamento de câmbio e pedal do acelerador, o Nissan se tornou uma referência entre os poucos sedãs médios restantes (com exceção do Civic, que fica mais perto dos R$ 300 mil). Ao Corolla, resta poder rodar alguns poucos quilômetros no modo elétrico. Mas quando o motor 1.8 é acionado, o ruído invade a cabine sem fazer cerimônias.

As versões mais completas de Sentra e Corolla ainda oferecem um pacote generoso de auxílios à condução. Ambos têm frenagem de emergência, alertas de saída de faixa e de objeto no ponto cego e farol alto com ajuste automático.

Mas o sistema de mudança involuntária de faixa do Sentra tem funcionamento diferente. Em vez de correção no volante quando se detecta desvio da trajetória, há aplicação leve de freio nas rodas externas. No Corolla, uma tímida correção é aplicada. De forma geral, os dois ficam aquém do Honda City, por exemplo, mesmo pertencendo a um segmento inferior.

Até agora, Corolla e Sentra se alternaram nos diversos aspectos deste comparativo. Nos custos pós-venda, não poderia ser diferente — dessa vez com vantagem para o Nissan, que tem seguro e revisões um pouco mais baratos que os do concorrente. A situação poderia se repetir na cesta de peças, mas a Toyota não enviou os preços.

Fechando as notas, o Sentra se mostra mais equilibrado. É econômico (para um carro não híbrido) e tem lista de equipamentos e conforto corretos. Para selar a vitória, é R$ 20 mil mais barato. Isso é motivo de preocupações para o Corolla? De jeito nenhum. Dificilmente algum sedã médio vai acabar com o reinado da Toyota. Mas, respondendo à pergunta do início, nem sempre a voz do povo é a melhor escolha.

*Cesta de peças: Retrovisor direito, farol direito, para-choque dianteiro, lanterna traseira direita, filtro de ar (elemento), filtro de ar do motor, jogo de quatro amortecedores, pastilhas de freio dianteiras, filtro de óleo do motor e filtro de combustível.

**Seguro: O valor é uma média entre as cotações das principais seguradoras do país com base no perfil padrão de Autoesporte, sem bônus. O levantamento foi feito pela Minuto Seguros.

VENCEDOR: Nissan Sentra
O Sentra pode ter alguns equipamentos a menos que o rival e não ser híbrido, mas tem consumo de combustível baixo para um sedã médio. Além disso, supera o rival em desempenho, modernidade de projeto e dirigibilidade. Se esses argumentos ainda não te convenceram, o sedã da Nissan custa R$ 20 mil a menos do que o grande rival.

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital.

Fonte: direitonews

Anteriores Lula nomeia seis novos integrantes ao CNJ; 4 mulheres e 2 homens
Próxima Casario será palco de eventos e queima de fogos na chegada de 2024