Como uma marca de ‘pinga’ inspirou um negócio de R$ 25 milhões focado em suplementos para atletas


Quem é do universo da corrida começou a ser surpreendido por um gel diferente nos últimos anos. Com um formato tubular e lembrando produtos conhecidos como aqueles sachês de mel e de doce de leite encontrados em mercearias pelo país afora, o gel de beterraba está cada vez mais presente na vida dos atletas amadores e profissionais. 

Por trás do produto, está a Dobro, empresa de suplementos que entrou no mercado em 2018 com barras energéticas com cafeína pelas mãos dos amigos Victor Comper e Pedro Chuluck. Apaixonado por esportes e atividades físicas, os jovens empreendedores queriam fazer uma barrinha que entregasse performance e, ao mesmo tempo, fosse nutritiva.

A inspiração veio em um passeio de Comper para fazer snowboarding enquanto estava em um intercâmbio nos Estados Unidos. Em cima da montanha, só com biscoitos e energético, o então estudante de administração pensou que poderia haver barras energéticas para praticantes de atividades físicas. 

Qual foi a inspiração para os géis de beterraba

No dia seguinte, percebeu que o mercado de barras energéticas já era uma realidade nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil. No retorno ao país, a ideia virou o seu trabalho de conclusão de curso, o temido TCC. E, já ao lado de Chuluck, um amigo de longa data, um negócio.

A Dobro nasceu vegana e foi lançada com um apelo mais amplo de público, mas percebeu o interesse do mundo esportivo, com corredores e triatletas – e começou a direcionar o foco e a abordagem.

O crescimento e a entrada em novos mercados, como  barras de proteínas, foi abalado pela pandemia de Covid-19. Com tudo fechado e os eventos cancelados, a marca recorreu a proteínas vegetais em pó ao estilo de whey e creatina.

Foi um outro passeio de Comper que colocou a empresa deu nova vida à empresa. Andando de bicicleta na área rural de Araraquara com o pai, o empreendedor parou em um boteco para comprar água.

Nas paredes do estabelecimento, aquelas tiras de melzinho de cachaça. Os sachês de mel e essências com sabores variados são famosos em eventos universitários e em festas pelo interior no país.

Uma delas, roxa, saltou aos olhos. Antes das pedaladas, pai e filho bebiam copos de suco de beterraba, conhecida por propriedades diversas, como ser rica em açúcar, ferro e vitaminas A, B e C. A potencial combinação entre a beterraba e o formato já conhecido dos brasileiros ficou martelando na cabeça do empreendedor. Meses depois, o gel entrava no mercado. 

“Quando nós lançamos o gel no final de 2021, foi uma virada de chave não somente nas vendas, mas na demanda por experimentar”, diz. “Eu lembro que vendemos em dois meses de produto a nossa primeira tonelada de gel e ficamos super animados. Agora, vendemos uma tonelada de gel a cada 10 dias”, diz. 

Os géis da linha regular e o da Nitrato representam 60% do faturamento da Dobro (Dobro/Divulgação)

Como a empresa tem crescido

A boa recepção do público foi seguida por maiores investimentos da empresa em entender os benefícios do vegetal e em desenvolvimento de produtos. Isso permitiu, por exemplo, a criação de linha de nitrato, com processos que auxiliam no processo de vasodilatação. Entre os benefícios, os produtos prometem aumentar a resistência, diminuir a fadiga muscular e estimular um melhor desempenho esportivo.  

Hoje, as duas versões, regular e de nitrato, representam em torno de 60% do faturamento. Os produtos combinam a beterraba, nem sempre na lista de vegetal mais amado dos consumidores, com sabores mais agradáveis como laranja, limão, morango e acerola. As proteínas vegetais ficam com 30% e as barras energéticas, origem do negócio, respondem por 10%.

No faturamento, a Dobro pulou de 1,5 milhão de reais em 2021 para R$ 5 milhões um ano depois. Para 2023, o salto deve ser ainda maior. A projeção é de crescer 400% e registrar R$ 25 milhões. 

A alta compila alguns fatores:

  • a retomada integral dos eventos esportivos
  • Ampliação do portfólio para atender mais ocasiões de consumo, do pré-treino e creatina a repositor energético e melatonina
  • Investimento em marketing, com presença em competições, apoio a atletas e ações com influenciadores de corrida

“Quando você une o produto a uma comunidade de influenciadores, isso traz uma tração porque nós somos digitais, mais de 60% das minhas vendas são digitais”, diz Comper. “Então, eu consigo escalar isso de uma forma muito mais rápida do que abrindo ponto a ponto no distribuidor de venda, no modelo de varejo”.

O desafio da empresa agora passa por ampliar as conversas com outros públicos. Apesar de falar com o público da corrida, esporte com número cada vez maior de participantes, a pandemia mostrou para muitos negócios que depender apenas de um setor pode ser arriscado. “Nós não nichamos a Dobro. Queremos falar sobre movimento”, diz Comper.

Fonte: exame

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