“Evidentemente os que poluem mais precisam mudar mais as suas políticas ambientais. Destaco os casos dos EUA, do bloco europeu e da China, que, em razão do seu alto índice de desenvolvimento industrial, lideram o ranking dos poluidores e precisam aprofundar ainda mais as suas alternativas para preservar o ambiente sem comprometer a produção”, afirmou à Sputnik Brasil o professor de relações internacionais Christopher Mendonça, do Ibmec Belo Horizonte.
“Uma possibilidade seria um fundo em escala mundial para produção de alimentos saudáveis que não implicassem derivados de petróleo, como é a cadeia do agro, com insumos, fertilizantes etc”, indicou.
Brasil deve liderar bandeira verde mundial?
“É preciso transformar a preservação dos biomas em produção científica. Não é possível que na Amazônia brasileira a maior presença de ciência aplicada seja de pesquisa japonesa. Isso é absurdo. Podemos ter grande aprendizado a partir da preservação das florestas e dessa aliança com povos originários”, indica o analista.
“Precisamos em escala global assumir a emergência climática com políticas perenes, que ultrapassem mesmo as trocas de governo, de comando. Precisamos de um amplo apoio da sociedade civil para isso, pois essa agenda imposta sem reciprocidade soa como uma intromissão imperial. Apesar da hipocrisia do Ocidente, da assimetria de poder, é um tema importante, em que só vamos avançar com o protagonismo das relações Sul–Sul e com o princípio da reciprocidade plenamente aplicado”, afirma.
“O Brasil foi um dos membros fundadores da ONU, é signatário de diversos acordos de integração regional, mantém bom diálogo com todos os países do mundo, não tem tradição conflituosa. A posição brasileira é muito privilegiada no campo internacional, e por essas razões somos um ator-chave no fomento de um sistema de preservação ambiental. Para tal, será necessário muito diálogo, o que já tem sido feito e precisa ser aprofundado”, disse o especialista.
“As dificuldades observadas na COP27 do Egito se ancoram na necessidade de novas metas de emissão de gás de efeito estufa em um momento no qual as metas passadas ainda não foram cumpridas. Não há ganho real em se estabelecer condições irreais. Os países precisam se dar conta da situação que estamos vivendo e construir alternativas possíveis que levem em consideração os diferentes estágios dos países. Alcançar os objetivos traçados para 2030 será difícil”, acredita.
Fonte: sputniknewsbrasil