“Nosso grupo de pesquisa tem se dedicado a investigar o limite Permo-Triássico e como as faunas aqui, dessa região do planeta, foram impactadas pelo evento de extinção e, posteriormente, como ela se recuperou”, explica Pinheiro sobre uma parte do trabalho desenvolvido pelos paleontólogos.
Como o fóssil foi encontrado no Rio Grande do Sul?
“Em 2022, na metade do final do ano, estávamos fazendo prospecção em campo em uma localidade, uma fazenda chamada Granja Palmeira, aqui na cidade de Rosário do Sul, quando o Voltaire, pesquisador da nossa equipe, coletou esse pedaço de crânio, que é o holótipo, ou seja, o material com base no qual foi descrito o Kwatisuchus rosai, que é esse anfíbio animal do grupo dos Temnospondyli“.
Como os pesquisadores descobriram que o fóssil era de um grupo de anfíbios comum na Rússia?
Rota de migração: como o animal russo teria vindo parar no território brasileiro?
“Tínhamos um supercontinente, a Pangeia, com todos os continentes numa massa continental única, mas tínhamos uma série de barreiras de dispersão desses animais: desertos, cadeias de montanhas que, em teoria, deveriam impedir a migração desses animais.”
“A partir de modelagem computacional, tanto da geografia quanto do clima daquele momento, ele [Mateus Santos, pesquisador do grupo] está tentando modelar quais seriam as possíveis rotas de dispersão entre essas faunas russas e as faunas sul-americanas”, conta Pinheiro sobre uma pesquisa de doutorado desenvolvida por um integrante do grupo que visa encontrar respostas para explicar o deslocamento dos animais naquela época.
Vivemos a 6ª grande extinção em massa
“Para ter uma ideia, a quinta foi aquela que eliminou os dinossauros não avianos. Então são eventos de larga escala que têm a capacidade, infelizmente, de eliminar partes consideráveis dos organismos vivos. É o que estamos vivenciando hoje”, relata.
“Quanto mais a gente aprender sobre a extinção Permo-Triássica e sobre as faunas que precederam e sucederam a extinção, mais a gente consegue compreender e manejar o momento atual”, conclui, salientando a importância de entender a relação entre períodos tão distantes, mas, ainda sim, com efeitos semelhantes, a fim de evitar maiores catástrofes.
Fonte: sputniknewsbrasil