Como BYD foi de fabricante de baterias a gigante que ameaça Tesla e Toyota


A indústria automotiva chinesa é conhecida pela velocidade e dinamismo. Em menos de 20 anos, muitas fabricantes passaram de meras reprodutoras de carros de sucesso a vanguardistas em algumas tecnologias. A BYD, uma das mais conhecidas, acaba de completar 30 anos e celebrou o marco com uma cerimônia em uma de suas fábricas em Xiaomo (China). Hoje a fabricante ameaça empresas tradicionais do setor eletrificado, como Toyota e Tesla.

Junto com a efeméride, a BYD também anunciou a produção do carro eletrificado (híbrido ou elétrico) de número 10 milhões, um Denza Z9 de cor preta. O modelo não é oferecido no Brasil. O evento teve a rara presença do CEO global da marca, Wang Chuanfu. A trajetória relâmpago da empresa, porém, começou de forma bem mais discreta, com 20 funcionários e produzindo baterias de lítio para aparelhos celulares.

“Nos anos 1990, o telefone celular era algo de muito prestígio. Pensei que, se pudesse produzir as baterias, seria uma grande oportunidade”. A criação da empresa se deu em 1994, mas as operações só começaram no ano seguinte. Dali em diante, a BYD começou a fornecer componentes para empresas como Motorola e Nokia.

Em 2003, a empresa resolveu expandir a área de atuação comprando uma fabricante de veículos em más condições financeiras. Nascia o braço automotivo da BYD. O primeiro veículo criado do zero foi o F3, que chegou ao mercado em 2005, usando motores Mitsubishi. Porém, o desenho, tanto interno, como externo, tinha como fonte um outro japonês. O sedã médio da marca, era, na verdade, uma cópia do Toyota Corolla.

Se os desenhos levaram pelo menos uma década para deixarem de parecer reprodução de outros modelos, a tecnologia avançou mais rapidamente. Três anos depois, em 2008, surgiu o que é considerado o primeiro carro híbrido plug-in produzido em larga escala, uma versão chamada DM do mesmo F3 inspirado no Corolla. Aliando motor 1.0 de três cilindros e outros dois elétricos, além de uma bateria de 16 kWh, garantia autonomia elétrica de 60 km e alcance combinado de quase 500 km.

Mais dois anos e o primeiro carro elétrico da marca, E6, chega ao mercado chinês, já com uma identidade própria, ainda que o design não seja dos mais inspirados. A transição para a eletrificação aconteceu em 2011, quando a empresa deixou de produzir veículos apenas com motor a combustão.

Daí em diante, foram necessários 13 anos até alcançar a marca de um milhão de unidades vendidas. Surfando na onda de crescimento da economia chinesa, a BYD logo multiplicou as vendas. O terceiro milhão veio 18 meses depois. O quinto, após nove meses. A celebração de 10 milhões de carros elétricos e híbridos acontece menos de dois meses depois do anúncio do nono milhão.

Outro dado, de 500 mil veículos produzidos em outubro, dá a dimensão da BYD na indústria automotiva local. Vale lembrar que a China vende, anualmente, cerca de 27 milhões de carros novos. Agora, com as questões de tecnologia e design resolvidas, o próximo desafio é ingressar em mercados mais relevantes.

A atuação na Europa ainda é tímida e está ameaçada pelas taxações a veículos chineses cogitada pelo bloco local. A situação é ainda pior nos Estados Unidos, onde o presidente eleito Donald Trump promete endurecer ainda mais as medidas de importação para bens vindos da China.

Assim, restou à BYD a expansão para mercados como a América Latina, África, Oceania e outros mercados asiáticos. A fábrica de Camaçari (BA), com previsão de abertura no começo de 2025 será a segunda fora do país sede da empresa (a outra fica na Tailândia). Além dela, são planejadas unidades no México e na Hungria.

Caso elas se concretizem, podem ajudar os chineses a, finalmente, entrar em boas condições nos mercados mais competitivos do mundo, além de reforçar a liderança global entre os veículos eletrificados, deixando para trás a mesma Toyota da qual se inspirou para criar seu primeiro veículo. Quer prova maior de que a indústria chinesa é, mesmo, dinâmica?

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Fonte: direitonews

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