Como Blackpink tem se afastado do k-pop com palavrões em ‘Born Pink’


Como Blackpink tem se afastado do k-pop com palavrões em 'Born Pink'

Antes mesmo de dar o play em “Born Pink”, disco recém-lançado do Blackpink, um detalhe chama a atenção. Há um aviso de conteúdo explícito no álbum, algo inédito entre os grupos de k-pop que tocam nas rádios e na TV e que geralmente são treinados para manter uma imagem, digamos, mais ficha-limpa.


Em “Tally”, faixa toda em inglês, Jisoo, Jennie, Rosé e Lisa cantam que dizem “foda-se” quando querem. “Eu faço o que eu quero com quem eu gosto/ eu não vou esconder/ enquanto você fala toda essa merda”, continuam elas, numa mistura de pop rock.

A música dá o tom do novo trabalho do quarteto, principal nome feminino do k-pop, com metade das canções cantadas em inglês e grandes acenos à tradição do hip-hop americano, numa tentativa clara de entrar no mercado dos Estados Unidos assim como seus conterrâneos do BTS.

Até então, as músicas seguiam uma linha mais comportada. Palavrões ou palavras consideradas ofensivas agora surgem em “Hard to Love” –”quando parece bom demais, eu simplesmente fodo com tudo”– e “Typa Girl” –”todas essas garotas estão em alguma merda maiúscula”–, cantadas inteiramente em inglês. Mas as transgressões já eram ensaiadas há dois anos, em “Pretty Savage” e

“How You Like That”, que dizem “bitch”, algo como “vadia”.

Incorporando elementos do hip-hop e adotando uma postura de “garotas más”, elas parecem se aproximar de um rap ostentação. Nas letras e clipes, falam de diamantes, dinheiro, carros, paparazzi, haters e a vida de vândalas, enquanto desfilam looks Chanel e Celine, marcas das quais são garotas-propaganda.

A música que abre o álbum, “Pink Venom”, usa referências de canções dos rappers Notorious B.I.G., Nas e 50 Cent, além de Rihanna. Já “Shut Down” faz um sample de “La Campanella”, peça de 1826 do violinista italiano Paganini.

A estratégia de se aproximar do pop ocidental não vem de hoje. O grupo tem apostado em parcerias com artistas como Dua Lipa, Lady Gaga, Selena Gomez e Cardi B, além de se apresentar em eventos como Coachella e VMA. Enquanto isso, fãs esperaram dois anos pelo novo disco, um intervalo longo e incomum no pop sul-coreano.

A quebra de regras que ditam o gênero também está nas roupas. Nádegas aparecem nos clipes de “Pink Venom” e “Shut Down”, algo chocante para o público conservador e machista sul-coreano.

Quem toma a decisão dos rumos que o quarteto seguirá, porém, não são as quatro garotas com idades de 25 a 27 anos, mas a gravadora que gerencia suas carreiras e vidas pessoais, a YG Entertainment. Mesmo gigantes, as artistas não têm tanta autonomia em seus trabalhos, nem mesmo para participar da composição do novo álbum, com exceção da faixa “Yeah, Yeah, Yeah”.

Com “Born Pink”, o Blackpink se afasta do k-pop para firmar a estratégia de dominar as paradas americanas e ser aceito como grupo global.

BORN PINK

Onde Nas plataformas digitais
Autor Blackpink
Gravadora YG Entertainment e Interscope Records

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