Quem diria que uma das novidades do centenário da General Motors no Brasil seria o relançamento de clássicos lendários como Opala, Monza, Omega e Kadett. Poucas marcas de carro podem se orgulhar de um passado tão geracional e marcante — e daí veio o projeto Chevrolet Vintage, anunciado no início deste ano.
A Chevrolet adquiriu dez carros que marcaram época e fechou parcerias com oficinas renomadas do antigomobilismo nacional. Os veículos serão leiloados aos poucos e parte do valor arrecadado será revertido aos projetos sociais do Instituto GM. São eles:
Os responsáveis pelo projeto observaram que o público de carros clássicos, especialmente dos Chevrolet antigos, é diverso. Há quem almeje o maior nível de originalidade possível, como se o veículo tivesse acabado de deixar a fábrica. Até os parafusos que prendem os bancos aos trilhos devem ser fidedignos.
Do outro lado, a indústria do tuning proporciona maior liberdade criativa por parte das oficinas, que customizam tanto o visual quanto a mecânica. Foi então que a Chevrolet decidiu dividir o Vintage em duas categorias:
Os engenheiros da GM acompanham o processo, desde a compra dos carros até a restauração. Quando finalizados, os clássicos são submetidos a uma avaliação no Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP), assim como os carros novos da Chevrolet.
Foi justamente um Restomod que roubou a cena neste primeiro lote de clássicos: o Opala SS 1979 verde feito pelo Batistinha. Se engana quem pensa que as atualizações desta máquina estão restritas à estética.
O preparador Batistinha é amplamente conhecido no segmento da customização automotiva, tendo grandes projetos em seu repertório, inclusive para fabricantes. Sempre que um carro adentrar a oficina BTS Performance, é certo que deixará o local com doses extras de “maldade”. Com este Opala não foi diferente.
A começar pelo visual, a General Motors deu liberdade para que Batistinha elaborasse algo criativo e diferenciado com o Opala 1979. A tonalidade verde de sua carroceria nunca existiu na linha do cupê, tampouco os acabamentos preto fosco que tomam conta de várias partes — até dos componentes que eram originalmente cromados.
Este Opala foi remontado com maior precisão do que quando deixou a fábrica de São Caetano do Sul (SP) em 1979. Os “gaps” de encaixe tinham tolerâncias maiores naquela época, mas a GM replicou, de forma artesanal, o mesmo critério de montagem dos carros novos.
Indo além, rodas de liga leve de 15 polegadas, pneus especiais, volante esportivo da Lotse e bancos de couro legítimo são outras atualizações importantes deste projeto. O objetivo era incorporar um estilo mais jovial e inovador ao Opala, mas sem descaracterizá-lo.
Quanto à mecânica, Batistinha teve ainda mais liberdade: o motor 4.1 de seis cilindros em linha recebeu injeção eletrônica e coletor de inox. A suspensão foi recalibrada, os freios a disco são de alta performance e a transmissão Tremec agora é tem cinco marchas (originalmente eram quatro). O Opala ainda traz sistema de direção hidráulica, ar-condicionado, cinto de três pontos e interior revestido com materiais premium.
Inclusive, um ponto muito criticado do Opala sempre foi a leveza do eixo traseiro. Para corrigir este comportamento, a oficina do Batistinha instalou amortecedores mais rígidos com o objetivo de conter as oscilações tão presentes no dia a dia com o cupê.
Como este Opala ainda não passou pelo dinamômetro, os números de potência e torque não foram divulgados. Originalmente, o cupê com motor 4.1 de seis canecos tinha 171 cv e 32 kgfm.
Agora que os veículos estão finalizados, a GM organiza a bateria de leilões, que deve durar até 2026. A participação poderá ser presencial ou online, e um carro será arrematado por sessão. Os lances mínimos ainda não foram divulgados. Assim que o pagamento for realizado, o Vintage será entregue ao novo dono no mesmo instante.
Há otimismo quanto à continuidade do Chevrolet Vintage, um projeto totalmente brasileiro e inédito para a marca. A GM já restaurou veículos para museus e exibições especiais nos Estados Unidos, mas nunca os revendeu ao público geral. Ao menos por enquanto, apenas estes carros mencionados foram adquiridos, e não há previsão de um novo lote tão cedo.
Em uma indústria que começa a ser dominada por carros chineses, a Chevrolet vende o passado para garantir o futuro.
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Fonte: direitonews