Combustível do futuro: gasolina com mais etanol prejudica o carro?


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou nesta terça-feira (8) o projeto intitulado “combustíveis do futuro”. Entre outras propostas pela descarbonização do Brasil, o novo programa do governo altera os percentuais mínimos e máximos de etanol na mistura da gasolina.

Atualmente, a gasolina vendida no Brasil pode ter entre 18% e 27,5% de etanol em sua composição total. Após a aprovação do presidente, este percentual passa a ser de 22% a 27%, podendo chegar a 35% nos próximos anos. De acordo com o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania), relator do projeto, a mistura máxima de etanol poderá passar dos atuais 27% a 30% já em março de 2025.

Elevar o percentual do derivado de cana-de-açúcar no combustível faz parte da iniciativa que visa evitar a emissão de 705 milhões de toneladas de CO2 até 2037. O corpo técnico formado pelo governo federal inclui a Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural (ANP), empresas de pesquisa energética e ministérios.

A gasolina não é o único combustível com mudanças em sua composição. O governo também prevê atualizações nas fórmulas do biodiesel, gás natural e até do combustível de aviação.

De acordo com Rogério Gonçalves, diretor de combustíveis da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), uma nova mistura de etanol na gasolina vai acarretar em mudanças tanto para donos de carros flex quanto movidos apenas ao combustível fóssil.

“Para o motor flex, o consumo de combustível vai aumentar, considerando que o poder calorífico do etanol é menor”, afirmou Gonçalves. O poder calorífico é a quantidade de energia que um combustível fornece quando queimado completamente.

Isso explica o fato dos números de consumo serem mais eficientes com gasolina no tanque: etanol tem 70% do poder calorífico do combustível fóssil. Em outras palavras, o proprietário de um carro flex que enche o tanque com gasolina vai notar uma redução na autonomia total.

Com a nova mistura, os carros brasileiros se tornarão mais eficientes do ponto de vista ecológico. A queima do etanol produz em média 25% menos monóxido de carbono e 35% menos óxido de nitrogênio.

Ainda que os esforços pela descarbonização tenham aumentado na indústria automotiva, diversos veículos ainda são vendidos com motores apenas a gasolina. Veículos mais modernos já toleram quantidades maiores de etanol, mas carros antigos exigem cautela.

“Alguns carros antigos não estão preparados um teor elevado de etanol. Podem acontecer ataques a materiais e corrosões de borrachas e elastômeros”, apontou o especialista. “Além disso, há suspeitas de que certos carros podem falhar por intervenção dos próprios sensores, que não reconhecem o combustível”, completa.

A recomendação do diretor da AEA, independentemente da nova mistura, é que donos de carros antigos ou colecionadores busquem combustíveis com menos etanol na mistura: a chamada gasolina premium.

“A gasolina premium é um combustível de alta octanagem, com 25% de etanol anidro na mistura. Assim, proporciona melhor desempenho ao veículo e pode até deixá-lo mais eficiente. O problema é que também é mais cara”, diz Gonçalves.

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Fonte: direitonews

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