Combustível adulterado: veja como identificar e onde denunciar


A Polícia Federal expôs um grande esquema de fraudes envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC), que se apropriou de postos clandestinos para vender combustíveis adulterados e lavar dinheiro em oito estados do Brasil. A “Operação Carbono Oculto” ainda desvendou que a facção está no comando de usinas de etanol, transportadoras, distribuidoras e até fintechs.

É um período delicado aos que dependem do carro para trabalhar ou passear. O motorista deve ser cauteloso para não abastecer com combustível adulterado — o que pode trazer inúmeros riscos e problemas mecânicos ao veículo —, além de não financiar o crime organizado.

Autoesporte conversou com Carlo Faccio, diretor executivo do Instituto Combustível Legal (ICL), e com especialistas da Agência Nacional do Petróleo e Gás Natural (ANP) para trazer os métodos sobre como identificar um posto suspeito. Acompanhe o passo a passo:

Tudo começa antes de abastecer. O ICL calculou que o tempo médio de decisão para um motorista entrar ou não em um posto de gasolina é de sete segundos. Por isso, de acordo com Carlo Faccio, golpistas utilizam fachadas “fakes”, que imitam outros estabelecimentos, para atrair os clientes.

Isso passa tanto por “postos clones”, que imitam estabelecimentos da Petrobras, Shell, Ipiranga e outras redes conhecidas, emulando suas cores, logotipo e até os uniformes dos funcionários, quanto postos que se apropriam de uma ou outra característica com o objetivo de confundir. O PCC domina mais de 1,1 mil postos no Brasil, apontou a Polícia Federal na investigação, e vários deles imitam redes famosas.

“Tivemos o famoso caso do posto 13R, cujo logotipo e cores imitavam o BR. É um entre vários exemplos que ferem o Código de Defesa do Consumidor”, afirma Faccio. Daí vem a importância de abastecer em postos de confiança, que não fingem ser outras empresas para atrair a clientela.

Neste caso, vale ficar atento aos detalhes antes de sequer entrar no posto: o estabelecimento tem fachada nas cores verde e amarela, mas o logotipo é da Petrobras? O combustível é negociado por valores abaixo do normal? Estes são indícios de que aquele posto pode estar no controle do crime organizado.

Outra atividade suspeita denunciada pelo ICL diz respeito ao método de pagamento. “Não abasteça em postos que só aceitam dinheiro ou transferência. Você estará entregando dinheiro para o bandido”, diz Faccio. Aos fins de semana a fiscalização fica mais branda, e o crime organizado “faz a festa” para lavar dinheiro. Quase sempre o combustível é de baixa qualidade, causando problemas de eficiência e até mecânicos no veículo.

A ANP recomenda que o motorista fique atento aos seguintes tópicos:

O leitor que identificar um posto “sem bandeira” se passando por uma franquia famosa pode denunciá-lo, de forma anônima, no site da ANP ou no portal do ICL.

A maneira mais comum de adulterar gasolina no Brasil é com a adição de etanol — porém, a investigação da PF ainda constatou o uso de metanol. O PCC teria adquirido usinas e até mesmo distribuidoras para facilitar a mistura.

“Metanol é um produto nocivo, corrosivo e tóxico para o próprio frentista. Se alguém tiver contato com metanol e coçar os olhos, pode ficar cego”, ressalta. Em regiões do interior de São Paulo, o PCC chegou a vender um combustível clandestino que tinha 95% de metanol e 5% de gasolina.

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“Esteja atento a mudanças no desempenho do veículo, como aumento de consumo, perda de potência, falhas no funcionamento, dentre outros itens. Alterações na performance do veículo podem ser um indício de alguma fraude, embora não seja a única explicação”, explica a ANP.

Portanto, o motorista que detectar um comportamento involuntário no motor do veículo após abastecer em um posto desconhecido deve evitá-lo. Recomenda-se também denunciar o estabelecimento nos canais do Instituto Combustível Legal da ANP.

A forma mais comum para adulterar etanol é adicionando água à mistura. Segundo Carlo Faccio, diretor executivo do ICL, a cilada tomou proporções tão avançadas que os postos conseguem injetar água diretamente no tanque do carro, sem que esteja necessariamente misturada com o combustível soterrado.

“Nestes casos, haverá grande perda de eficiência em um carro flex, além de inúmeros problemas que podem surgir em componentes do motor, como nos bicos injetores”, alerta o especialista.

O recomendado é abastecer somente em postos já conhecidos ou indicados por amigos e familiares, de preferência com a bandeira oficial de uma distribuidora. A ANP ainda recomenda a consulta do termodensímetro, equipamento obrigatório que deve estar fixado nas bombas de etanol e funcionando com fluxo contínuo durante o abastecimento.

O crime organizado ampliou sua rede e está cada vez mais difícil de rastrear. Um posto confiável pode se tornar ponto de golpistas em poucas semanas — e até estabelecimentos geridos por empresários honestos podem receber combustível adulterado. Com as dicas do Instituto Combustível Legal e da Agência Nacional do Petróleo será possível reduzir os riscos para o veículo e evitar que dinheiro caia na mão de facções.

Esta matéria faz parte do projeto Combustível Consciente. Para ver outros conteúdos do projeto, acesse aqui.

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Fonte: direitonews

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