Colheita de soja do RS atinge 85% da área; Emater vê “drástica” redução na qualidade


SÃO PAULO (Reuters) -A colheita de soja do Rio Grande do Sul atingiu 85% da área cultivada no Estado, avanço de sete pontos percentuais na comparação com o índice de uma semana atrás, com produtores aproveitando algumas poucas “janelas” sem as chuvas intensas que atingem o Estado para retirar o produto dos campos, de acordo com dados da Emater.

“As precipitações foram menos recorrentes, o que permitiu pequenas janelas temporais para a realização da colheita em grande parte do Estado, apesar dos altos teores de umidade no solo e nas plantas”, disse a o órgão de assistência técnica do governo.

“Contudo, houve redução drástica na qualidade dos grãos em comparação ao produto obtido antes do excesso de chuvas”, acrescentou.

Pela média histórica, o Estado já deveria ter colhido 95% da safra nesta época, mas as chuvas também afetaram o desenvolvimento dos trabalhos.

Segundo a Emater, o avanço na colheita “provavelmente será pouco significativo nos próximos dias, já que muitas lavouras, dos 15% restantes, devem ser abandonadas em razão da inviabilidade econômica, ou seja, a colheita dessas áreas não cobre os custos da operação, o frete e os descontos aplicados no recebimento pelas cerealistas”.

A Emater, que projetava uma safra gaúcha recorde de cerca de 22 milhões de toneladas, considerando uma produtividade média de 3.329 kg/hectare, disse que esse número deverá cair, mas não apontou especificou as perdas.

Algumas analistas estão estimando preliminarmente as perdas entre 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas.

“O excesso de chuvas, desde o final de abril, afetou a parcela de 24% que restava ser colhida no Estado. Essas lavouras apresentam perdas que variam de 20% a 100%. Os prejuízos serão maiores nas regiões Centro, Sul e Oeste do Estado, onde grandes extensões ainda não haviam sido colhidas”, acrescentou.

A Emater apontou ainda que a colheita de milho avançou para 88% da área, ante 86% até a semana passada. “Novamente, nas poucas oportunidades de colheita, a cultura da soja foi priorizada em relação ao milho”, disse.

Já a colheita de arroz do Estado “avançou muito pouco” após chuvas, e estima-se 86% da área colhida até o momento.

Além das perdas das lavouras no Rio Grande do Sul, maior produtor de arroz do país, a Emater citou perdas em silos inundados.

“Em alguns casos, a enchente inundou a parte inferior de muitos desses silos, ocasionando perdas elevadas pela falta de energia elétrica para a ventilação da massa de grãos e pela impossibilidade de transporte do produto por causa de danos nas estradas”, disse, acrescentando que até o momento não há uma estimativa precisa do número de silos inundados pelas águas.

A Emater não citou problemas em silos de outros produtos. Mas reportagem da Reuters apurou que as águas afetaram um armazém com 100 mil toneladas de soja em Canoas (RS), levando a processadora e produtora de biodiesel Bianchini a suspender as operações no local.

(Por Ana Mano e Roberto Samora; edição de Marta Nogueira)

Fonte: noticiasagricolas

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