A combinação adversa de juros elevados com aumento recorde do endividamento fez com que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) reduzisse a previsão inicial de crescimento das vendas no Natal deste ano, que baixou de 2,1% para 1,2%.
Embora o avanço represente a primeira alta real, desde da crise sanitária precipitada pela pandemia, ainda assim o volume financeiro decorrente da principal data para o comércio continua inferior ao de 2019.
Pelos cálculos da CNC, o evento natalino deste ano deverá movimentar o montante de R$ 65,010 bilhões, abaixo dos R$ 64,25 movimentados no ano passado, como também dos R$ 67,55 bilhões registrados há três anos.
Para o desempenho mais modesto das vendas, nesta época do ano, o economista-sênior da CNC, Fabio Bentes, atribui como fatores determinantes, o aperto monetário do Banco Central (BC) para ‘segurar’ a inflação – mediante manutenção da Selic (taxa básica de juros) no atual patamar elevado, de 13,75% ao ano – que levou, por efeito, a um maior comprometimento de renda da população. De acordo com estudo do BC, o comprometimento da renda média no país chegou a 28,71%, considerado pela autoridade monetária o maior da série histórica, que teve início em 2005.
“No caso dos juros, é o maior patamar em operações livres envolvendo pessoas físicas desde o primeiro trimestre de 2018, segundo o Bando Central, o que é um empecilho às vendas de bens de consumo duráveis. Além, claro, do endividamento, que está em patamar recorde”, avalia Bentes.
De qualquer sorte, a expectativa de analistas é no sentido de que a melhoria do mercado de trabalho, aliada à desaceleração da inflação poderão dar ‘novo fôlego’ ao comércio, uma vez que a CNC prevê que o ramo de hipermercados e supermercados devem ser o maior destaque do Natal deste ano, com uma participação de 38,6% do volume de vendas (R$ 25,12 bilhões), seguido dos segmentos de vestuário, calçados e acessórios – que devem responder por 33,9% do total (R$ 22,03 bilhões) – além de lojas especializadas na venda de artigos de usos pessoal e doméstico, com uma fatia de 12,6% (R$ 8,19 bilhões).
Fonte: capitalist