Os técnicos do projeto Campo Futuro deram início, nesta semana, aos levantamentos de custos de produção da agropecuária. Os painéis ocorreram nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul com produtores de café e leite.
Café – O primeiro encontro de café arábica foi realizado na quarta (10), no Sindicato Rural de Franca, com a presença de produtores rurais, representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e do Centro de Inteligência em Gestão e Mercado da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA).
De acordo com a assessora técnica da CNA, Raquel Miranda, os resultados apontam uma redução do Custo Operacional Efetivo (COE) de 8%, em relação ao levantamento do ano anterior, influenciado pela queda de preços dos fertilizantes (-46%) e defensivos (-16%).
Por outro lado, os custos de mão de obra e mecanização tiveram um incremento de 28% e 19%, respectivamente. “O pequeno recuo dos custos de produção com a recente valorização do café possibilitou aos produtores de Franca margens bruta e líquida positivas. Porém, considerando o custo de oportunidade, o modal apresenta prejuízo, principalmente em relação ao elevado volume de capital da atividade”.
O painel realizado em Caconde na quinta (11), na sede do sindicato rural, apontou cenário semelhante ao de Franca. O COE também recuou 1% em comparação com o painel de 2023. A mão de obra e os corretivos tiveram um incremento nos custos de 33% e 43% respectivamente, enquanto os fertilizantes e defensivos tiveram uma redução de 26% e 13% respectivamente.
O cenário econômico é de margens bruta e líquida positivas. “No entanto, considerando o custo alternativo, há uma situação de prejuízo devido ao alto valor de estoque de capital que é diluído em apenas 5 hectares”, explicou Raquel.
Leite – Para levantar os custos de produção de leite, o projeto visitou durante a semana os municípios de Pelotas, Três de Maio, Tenente Portela e Palmeira das Missões. Participaram dos painéis produtores, técnicos, representantes de revendas agropecuárias e agentes industriais, que caracterizaram as propriedades modais mais representativas em cada região.
Segundo o assessor técnico da CNA, Guilherme Souza Dias, os dados foram utilizados para verificar a saúde financeira dos empreendimentos, correlacionando a receita bruta com os custos de produção em três níveis: custo operacional efetivo, que representa os desembolsos dos produtores; custo operacional total, que além dos desembolsos, inclui a depreciação e pró labore; e custos totais, que além dos demais, ainda engloba o custo de oportunidade e remuneração do capital imobilizado.
Conforme esperado, os desembolsos com alimentação comprometeram a maior parte da receita obtida pelo leite, variando entre 48% e 64%, com concentrados respondendo pela maior fração desse percentual. “O que chama a atenção é que em relação ao histórico dos painéis no Brasil, os desembolsos com a ração por vezes se mostraram aquém, fato justificado pela exploração de pastagens de inverno, de elevada qualidade nutricional e que reduzem a necessidade de fornecimento da ração no cocho”, disse.
De maneira geral, todas as propriedades cobriram os desembolsos realizados, sinalizando sua sustentabilidade no curto prazo. Entretanto, metade dos sistemas produtivos não foram capazes de remunerar a depreciação das instalações e pró labore do produtor, denotando a necessidade de ajustes no sistema produtivo para viabilizar a atividade no médio prazo.
“Dado o elevado capital imobilizado na atividade, não foi possível remunerar os custos totais”, explicou Dias.
Fonte: noticiasagricolas